Jardim passa a pasta antes do fim

Alberto João Jardim, que acabou de fazer 70 anos, não tenciona levar até ao fim os seus mandatos à frente do Governo Regional da Madeira e do PSD-Madeira. A intenção é fazer a transição para o seu sucessor ainda em funções.

no final do próximo ano, deverão realizar-se eleições directas e no início de 2015 novo congresso. este calendário ficou traçado no último congresso do psd-madeira, em novembro. nessa reunião, que decorreu à porta fechada, alberto joão jardim deixou claro que não se recandidatará a líder do psd-madeira nas próximas directas, que serão, assim, antecipadas. pela sua vontade, o psd escolherá primeiro o seu novo presidente e, de seguida, jardim abdicará das suas funções de presidente do governo, que só terminariam em outubro de 2015, para passar o testemunho ao novo líder do psd-madeira.

assim, o social-democrata gerirá a sua sucessão na recta final do exercício do poder, que já dura desde 1978. o seu intuito é assegurar uma transição controlada e legitimada pelo partido. jardim não quer, de todo, imitar mota amaral, que saiu da liderança do psd-açores e do governo regional sem apoiar nenhum sucessor.

estes planos são do conhecimento dos dirigentes do partido, que estão já a pensar no pós-alberto joão. perfilam-se vários delfins: manuel antónio correia, secretário regional do ambiente, ou (menos provável) joão cunha e silva, vice-presidente do governo regional.

albuquerque à espreita

mas também perfilam-se adversários a esta estratégia de jardim. o autarca do funchal, miguel albuquerque, que se candidatou no ano passado contra jardim, deverá voltar a tentar a sua sorte.obteve uns surpreendentes 47%, contra 53% de jardim.

ao sol, albuquerque afirma ser «essencial que o futuro presidente do governo regional tenha legitimidade junto da população», discordando das intenções de jardim e lembrando a troca de cadeiras entre durão barroso e santana lopes, que terminou na queda do governo e em eleições antecipadas.

nesta estratégia, há ainda um factor a considerar: a crise financeira da região. apesar do anúncio de jardim, os sociais-democratas receiam que, se as contas da madeira não se recompuserem, jardim queira ficar mais tempoà frente do governo regional.

na próxima semana, a assembleia da república aprovará a nova lei das finanças regionais, que corta 73 milhões de euros à madeira. os deputados da maioria eleitos por este círculo eleitoral ameaçam votar contra.

helena.pereira@sol.pt