em 2007, aos 46 anos, trabalha num canil, tem um namorado que é inspector de seguros, um pequeno grupo de amigas (bastante estereotipadas) e um cão chamado rufus. «a telenovela acabou. e aqui começa o resto da sua vida». até que chega à cidade um paparazzo que, em tempos, se especializou em fotografar a princesa de gales… no romance uma história por contar (bertrand, 2011), monica ali dá a diana uma mirabolante segunda vida.
graças à inclusão de excertos do diário da personagem lawrence, o secretário pessoal que ajudou diana a fugir, ali consegue fazer uma interessante interpretação das características e da biografia conhecidas da princesa de gales. em tudo o resto, uma história por contar é um projeto falhado, que assenta em hipóteses muitíssimo pouco credíveis e se transforma, pouco a pouco e apenas, num mediano enredo de suspense.
monica ali, nascida em daca, no bangladesh, em 1967, filha de um escritor de origem indiana e de mãe inglesa, vive em londres desde os três anos. estreou-se em 2003, com brick lane/ sete mares e treze rios (dom quixote), finalista do prémio man booker, sobre uma muçulmana do bangladesh que, aos 18 anos, se muda para londres, para se casar com um homem mais velho. ainda em manuscrito, o romance colocou-a entre os 20 melhores jovens escritores britânicos indicados pela revista granta e, já publicado, serviu a defesa pelo crítico james wood de uma perspectiva tradicionalista, pré-moderna, da arte da ficção.
monica ali publicou em seguida o livro de contos alentejo blue (2006, caderno), relativo a portugal, onde a escritora possui uma segunda casa, e o romance na cozinha, (2009, caderno) sobre a cozinha de um hotel. uma história por contar é mais uma opção temática surpreendente no percurso de uma autora desconcertante.