Como em muitas outras coisas, não são para sempre, pois durante as diferentes fases da vida vamos escolhendo, dentro do possível, é claro, as estradas que queremos percorrer. Já frequentei discotecas e bares durante anos e que hoje em dia só vou muito esporadicamente para rever amigos ou para recordar alguma data especial. Plateau, Alcântara-Mar, 2001, Kremlin, Kapital, 3 Pastorinhos, Bar do Rio e Frágil, entre outros, foram alguns dos espaços onde passei centenas de noites. Uns acabaram entretanto, outros deixaram de estar no meu circuito.
Sendo a vida uma estrada que vamos percorrendo ao nosso sabor, é natural que, por vezes, façamos desvios e optemos por outras direcções. Mas, nos últimos quatro anos, todos os caminhos começavam – e muitas vezes acabavam – no Puro Vício. Um pequeno grupo de amigos frequentava o espaço quase como se fosse uma mistura de porto de abrigo, um consultório psiquiátrico, um talk show humorístico, tais as sacanagens que fazíamos uns aos outros, ou tão simplesmente o bar onde ouvíamos o nosso DJ de eleição, MJ.
Ao leme do espaço estavam duas figuras impagáveis: Pepe e Marta. Foram eles que durante os últimos quatro anos assistiram connosco às transformações das nossas vidas, aos azedumes do dia-a-dia e também às alegrias. Se lá festejámos aniversários, também assinalámos a morte de um dos grandes amigos desse pequeno grupo.
Quando o bar ficava mais cheio e apareciam alguns chatos, refugiávamo-nos num dos cantos e tentávamos fazer a festa à nossa moda, como diz um amigo que não é dado a essas andanças. Foram muitas as noites que prolongámos mais do que o aceitável a nossa presença. Às sextas-feiras a Marta e o Pepe já sabiam que teriam que nos expulsar, pois por nossa iniciativa não abríamos a porta para sair. Como costuma dizer um outro amigo, adoptávamos a máxima ‘quem está dentro não sai, e quem está fora não entra’. Esta semana chegou ao fim um ciclo das nossas vidas. OPepe e a Marta vão descansar e entram outros amigos em acção. Parabéns aos dois.
vitor.rainho@sol.pt