segundo avançou ao sol o presidente da associação portuguesa de empresas de diversões (aped), luís paulo fernandes, que promove a acção de rua, a escolha de aveiro deve-se ao facto de esta autarquia não ter assinado o protesto que foi apresentado ao governo e porque no próximo mês ali decorre um dos mais importantes eventos para o sector, a feira de março na expo aveiro.
a estratégia é passar mais dois meses a alertar para os problemas do sector. e caso o governo não recue – baixando o valor daquele imposto nas feiras, considerando-as actividades culturais que são taxadas a 6% – prometem alastrar o protesto a mais zonas do país. «a seguir vamos para barcelos», garante luís paulo fernandes.
esta é uma manifestação polémica que, em lisboa, provocou queixas dos comerciantes, sobretudo do largo camões – para onde os feirantes rumavam todos os dias à tarde, depois de visitarem a assembleia da república e a residência oficial do primeiro-ministro – devido ao ruído «insuportável», que se prolongava das duas às sete da tarde, entre buzinões, música com volume elevado e vuvuzelas.
patrícia pereira, da farmácia camões, foi uma das pessoas a queixar-se à câmara municipal de lisboa por causa do ruído que os feirantes causavam. «era muito difícil concentrarmo-nos enquanto aviávamos as receitas», conta ao sol, acrescentando: «ainda por cima, muitas vezes, estamos a lidar com pessoas idosas, o que torna as coisas mais difíceis».
polícia chamada a intervir
o quiosque do refresco do largo camões terá sido o mais afectado. «tínhamos de trabalhar com tampões nos ouvidos», conta lucy, uma das funcionárias. mas não é tudo: o barulho também afastava os clientes: «num dia normal, fazemos entre 400 a 500 euros de caixa. enquanto eles cá estiveram, perdíamos entre 100 a 150 euros por dia. ninguém queria estar sentado numa esplanada no meio daquele barulho infernal». numa tarde, a polícia teve de intervir quando os manifestantes agrediram um dos funcionários do quiosque que não os deixava ocupar uma das mesas sem consumirem.
em frente à residência do primeiro-ministro – onde os manifestantes passavam as manhãs – o cenário não foi mais pacífico. «foi horrível. cheguei a acordar com o barulho que eles faziam», conta uma moradora da zona, lembrando que aqui há muitos idosos e locais com crianças.
aliás, o infantário e a escola paroquial junto à residência oficial de passos coelho queixaram-se directamente aos manifestantes. «o ruído provocado pela manifestação está a provocar o pânico nesta instituição», lê-se na carta que a direcção da escola enviou à aped, pedindo que o protesto mudasse de lugar. «mas cada pessoa tem direito a manifestar-se como quer», defende o líder da associação, considerando que, apesar de o barulho ser exagerado, era um mal necessário.
no meio de tanta polémica há uma excepção: o café trevo, situado no largo camões. o gerente diz que, durante o mês e meio que durou o protesto dos feirantes, teve um aumento do lucro diário: «eles próprios consumiam bastante. a casa estava sempre cheia».