e, diga-se, deve dar tema de conversas divertidíssimas: «olha lá, a minha bezana é melhor do que a tua», pode ser a conversa mais banal entre um miúdo de 16 e outro de 18. e o que dizer de jantares de aniversários em que algum dos presentes terá de esperar pela meia-noite para começar a pedir as tais bebidas espirituosas? isto se conseguir chegar até a essa hora em pé, pois a emoção pode ser tanta que acabará por se embebedar com as tais cervejas e vinhos.
a lei é tão disparatada que é difícil imaginar como foi possível chegar à redacção final. mas, independentemente da estupidez, há problemas que esta lei vai criar aos novos fiscais de costumes (como dizia um amigo meu, só falta mesmo recuperarem a famosa lei da licença de isqueiro). para quem não sabe, na maior parte do país nocturno, os jovens começam a noite no exterior de cafés e bares. basta passar pelo bairro alto, cais do sodré e santos, em lisboa, ou junto à torre dos clérigos, no porto, para perceber que é impossível fiscalizar tal lei, já que o consumo de bebidas alcoólicas se faz na via pública. não será pois difícil imaginar, num grupo de amigos onde esteja um com mais de 18 anos, quem ficará com a incumbência de ir comprar as bebidas aos cafés e bares. o mesmo se passará no interior das discotecas. quem se vai responsabilizar por uma situação dessas? os donos? os seguranças?
nunca fui adepto das proibições e nem vale a pena estar a citar outra vez o exemplo da lei seca americana, altura em que a máfia terá lucrado milhões com a ilegalidade. por todo o lado havia bebidas, ainda por cima falsificadas, e poucos acatavam tal determinação de não beber álcool. quando se faz uma lei, manda o bom senso que alguém perceba se é exequível. esta é de uma burrice a toda a prova. quanto ao problema de base, de muitos jovens se tornarem alcoólicos prematuramente, a solução chama-se pais. pais que, na maioria dos casos, vão discutir com os porteiros das discotecas que não deixam os meninos com menos de 16 anos entrar no espaço…
vitor.rainho@sol.pt