Parolos…

Ver e ser visto é uma máxima que se aplica a muito boa gente que sai à noite ou que frequenta determinados lugares.

sejam eles restaurantes, vernissages, determinados jogos desportivos – na final do euro 2004, por exemplo, havia muito pouco povão nas bancadas… – ante-estreias de filmes ou peças de teatro e por aí fora. há, digamos assim, uma turma que se coloca na grelha de partida nesses acontecimentos. se a ocasião ‘botar’ fotografia é então vê-los a imitar os papagaios dos piratas e a fazerem, tão discretamente quanto lhes for possível, de emplastros. estão nesses lugares como poderiam estar em quaisquer outros. o que é preciso é que não se esqueçam deles e que mostrem que estão vivos.

dentro dessas espécies, contra as quais nada tenho, há aqueles que tudo fazem para aparecer nos locais ou acontecimentos que lhes dão um toque de modernidade. se foram vistos no espaço x é porque estão muito à frente e são uns autênticos modernaços. algumas vezes chegam mesmo a aparecer e desaparecem logo depois de se terem mostrado. chega mesmo a ser caricato para quem conhece tais figuras.

numa das minhas últimas saídas, um amigo que adora sacanagem ia-me pondo a par das figuras dessa turma. fazem um ar de grande entendidos na matéria, mas comportam-se, no fundo, como um burro a olhar para um palácio. basta ver que quando a música é forte vivem-na como se fosse uma cantoria do josé cid, só lhes faltando abanar os bracinhos. têm ritmos tão diferentes que se topa logo quais são os sons que lhes vão na cabeça.

por outro lado, há aqueles que gostam genuinamente de um estilo de música ou de um género de vida e ‘esnobam’ tudo o que não seja uma cópia da sua seita. a falta de mundo não é só dos que se querem fazer passar por aquilo que não são. muitos dos ‘autênticos genuínos’ não passam de uns ‘autênticos bimbos’ que se armam em modernaços e não percebem nada do que se passa à sua volta. frequentemente saio com um amigo que já leva alguns milhares de noites em cima do corpo. já viu muito mundo e já viveu o que muitos de nós nunca viveremos, no que à noite diz respeito. no entanto, é, muitas vezes, abordado por bimbos que acham que a noite é só para quem anda de fraldas e se baba com frequência…. a falta de mundo é terrível.

vitor.rainho@sol.pt