penrose esclarece logo no início que só os peritos devem ler os apêndices. para os outros, os leigos, reservou o miolo do livro e uma «estranha sequência de raciocínio». na primeira parte, reflecte sobre a segunda lei da termodinâmica e a noção de entropia/desordem. tudo estaria bem, porque o faz em linguagem e com exemplos acessíveis, se não terminasse a apontar um erro, a levantar «possibilidades exóticas» e a questionar: as leis dinâmicas servirão mesmo a singularidade excepcionalíssima do big bang?
a resposta (um redondo «não») é dada na segunda parte, bem mais complexa. penrose percorre as teorias da relatividade geral de einstein, do estado estacionário, da rcf (radiação cósmica de fundo), do espaço-tempo de minkowski ou friedmann (através de diagramas conformes), do colapso de oppenheimer-snyder, dos buracos negros, dos buracos brancos ou da inflação cósmica. tudo para concluir que pode ter existido um estado inicial do universo, anterior ao big bang e caracterizado por uma elevada entropia! eis, por fim, a terceira parte, e o modelo ccc. preparado? segundo penrose, aquilo que temos por o nosso universo pode estar afinal entalado entre dois éons (ciclos incomensuráveis de tempo): uma região do espaço-tempo pré-big bang e um futuro muito remoto, onde tudo renasce «no big bang do novo éon». no epílogo, tom diz: «e essa é a ideia mais maluca que já ouvi!» todavia, não custa nada imaginá-la.