Pressão sobre as chefias militares

Em 2002, o então Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas criticou o orçamento da Defesa e acabou demitido pelo então ministro Paulo Portas. Passados dez anos, as Forças Armadas vivem o momento mais dramático da sua história recente e a hipótese de os chefes militares fazerem frente ao poder político volta a fazer-se sentir.…

o que se assistiu nas últimas semanas foi a uma unidade sem precedentes entre militares na reforma e no activo, generais e praças a criticarem o ministro da defesa por causa de anunciados cortes de 218 milhões de euros.

dez ex-chefes de estado-maior marcaram presença num jantar de generais e almirantes em lisboa, há duas semanas, liderado pelo general loureiro dos santos, que ajudou a elaborar o programa eleitoral de passos coelho para a área da defesa.

na semana passada, 500 militares na reforma encheram um pavilhão em almada e aprovaram uma resolução, a ser entregue ao primeiro-ministro, em que alertam para a «descaracterização e desarticulação» das forças armadas. na altura, o almirante martins guerreiro foi claro no apelo: «a responsabilidade virou-se para as chefias, há uma manobra em curso no estado, na qual a estrutura hierárquica é substituída por mecanismos paralelos».

o comunicado do conselho de chefes da semana passada garantia que estes estavam empenhados em garantir a «serenidade, coesão e disciplina» das forças armadas nas reformas em curso.

helena.pereira@sol.pt