barack obama esteve esta semana dois dias em israel e um par de horas em território palestiniano para expressar o apoio da casa branca a um regresso das duas partes à mesa de negociações.no entanto, não apresentou qualquer novo plano ou calendário para que tal aconteça e a visita ao médio oriente serviu sobretudo para reafirmar laços de amizade entre washington etelavive.
ontem, em ramallah, obama fez uma crítica tímida ao avanço dos colonatos israelitas em território palestiniano, afirmando que «não é construtivo, não é apropriado e não é algo que ajude à paz».
contudo, para opresidente norte-americano, esse é um problema «complexo» e que «não será resolvido imediatamente, do dia para a noite». mais ainda, declarou, é algo que os palestinianos não devem utilizar como «desculpa» para não fazer cedências.
desta forma, obama abandona a sua anterior política e coloca-se agora ao lado do primeiro-ministro israelita benjamin netanyahu na exigência de negociações sem o requisito prévio do fim da actividade de expansão dos colonatos.
mais de meio milhão de israelitas (560.000, 60.000 dos quais desde a primeira eleição de obama) vivem em território palestiniano ocupado, numa crescente constelação de pequenas colónias que constitui na prática uma anexação de território árabe, inviabilizando um eventual estado palestiniano independente.
ao seu lado, o líder da autoridade palestiniana mahmoud abbas, da moderada fatah, voltou a defender expressamente que o regresso ao diálogo depende do fim da colonização israelita, afastando qualquer possibilidade de negociações no curto prazo.
ainda emramallah, obama afirmou que o estabelecimento de dois estados independentes (israel judeu e a palestina árabe), lado a lado, «ainda é possível, mas é certamente muito difícil».
o presidente norte-americano foi recebido com manifestações de desagrado na cidade-sede da autoridade palestiniana, na cisjordânia, onde ao longo do primeiro mandato do democrata cresceu a frustração com a quebra de promessas como o relançamento do processo de paz.
além do impasse negocial e do avanço dos colonatos, os palestinianos não esquecem ainda a passividade dos eua perante dois ataques em larga escala de israel contra gaza, onde governa o movimento radical hamas.
a partir daquela estreita faixa de território à beira do mediterrâneo controlada por radicais islâmicos, foram lançados ontem pelo menos dois mísseis contra israel, sem causar vítimas.
para telavive, com amor
após a curta passagem por território palestiniano, obama regressou a israel para um jantar de estado com o presidente hebraico shimon peres.
na véspera, o líder norte-americano tinha afirmado que a aliança entre washington e telavive «é eterna». a declaração de amizade referia-se não só à questão palestiniana como aos dossiês sírio e iraniano, que também foram assunto de conversas de um total de cinco horas entre obama e netanyahu. como notava o the guardian, nenhum outro governante estrangeiro que não o líder israelita dispôs de tanto tempo na agenda do actual presidente dos eua.
os dois encontraram-se dez vezes desde 2008 e a relação não foi abalada pelo incidente de 2011, quando obama foi ouvido pelos microfones dos jornalistas na cimeira dog20 em cannes a queixar-se ao entãopresidente francês nicolas sarkozy de que tinha de «aturar» netanyahu «todos os dias» – o líder gaulês tinha acabado de chamar «aldrabão» ao israelita.
hoje, obama visitou a jordânia do reiabdullah ii, um dos principais aliados norte-americanos nomédiooriente.
a guerra civil na vizinha síria, que está a inundar amã de refugiados, domina o encontro bilateral.
pedro.guerreiro@sol.pt