segundo cálculos das agências financeiras internacionais, as empresas e cidadãos russos terão depositados em bancos cipriotas até 40 mil milhões de euros.
o kremlin reagiu, duramente, à decisão da ue de tributar as contas bancárias em chipre, acusando bruxelas de não ter avisado moscovo de uma decisão que afecta, fortemente, os seus interesses económicos.
os dirigentes russos reagiram com propostas precipitadas para ‘salvar’ a economia da ilha, sendo de destacar a proposta da gazprom – a maior empresa pública russa – de emprestar 10 mil milhões de euros a chipre, em troca da exploração de gás natural na plataforma continental desse país, ou a ideia de criar uma base militar russa nesse país em troca de um empréstimo que poderia resolver o problema.
chipre e rússia não chegaram a acordo e as emoções atingiram o auge quando o primeiro-ministro russo, dmitri medvedev, veio declarar que, em chipre, tem lugar “o roubo do roubado”.
a expressão ‘roubar o roubado’ apareceu na rússia, depois da revolução comunista de 1917, como a tradução do princípio marxista “expropriar os expropriadores”. e embora o primeiro-ministro russo não tenha precisado quem roubou o quê a quem, o conhecido analista político serguei dorenko comentou essas palavras com um provérbio russo: “medvedev tem na língua o que o sóbrio tem na cabeça”.
este dirigente russo propôs até a criação de uma zona offshore no extremo oriente da rússia, bem como mobilizar capitais de empresas e cidadãos russos para investir nessa região.
já o presidente russo, vladimir putin, foi mais calmo na reacção e encarregou o governo de estudar a questão da reestruturação da dívida cipriota à rússia, que ronda os 2,5 mil milhões de euros.
a acreditar no programa de putin de ‘desoffshorização’ da economia, as medidas tomadas pela ue até deveriam ser bem recebidas pelo kremlin, mas as empresas e cidadãos russos que possuem capitais nos bancos cipriotas têm outras intenções, esperando-se uma forte saída dos capitais russos dessa ilha do mediterrâneo.
alguns dos que poderão sair mais prejudicados tentam empregar mecanismos ilegais que funcionam na rússia, mas, pelos vistos, falham em chipre.
“se fosse aqui, bastava dar 10% da quantia a um alto funcionário do banco para resolver o problema, mas no chipre este esquema não resultou”, revela um investidor russo que não se quis identificar.
a crise financeira em chipre está mesmo a provocar um aumento da fuga de capitais da própria rússia.
“considero que a saída de capitais da rússia poderá ir além dos 10 mil milhões de dólares em 2013”, reconheceu andrei klepatch, vice-ministro do desenvolvimento económico da rússia (mder), acrescentando que “isso se deve também aos problemas financeiros em chipre”.
o banco da rússia calculava que a saída de capitais do país, em 2013, desceria para 10 mil milhões de dólares, mas o mder considera que esse número poderá atingir os 50 mil milhões.
*na rússia, especial para o sol