Passos e Gaspar anotam remodelação soft do CDS

O CDS – e muitos no PSD – agita-se a defender uma remodelação no Governo, mas poucos dirigentes de ambos os partidos acreditam que Gaspar seja um ministro para já remodelável. Isto, claro, num cenário de continuidade do Governo.

na reunião da comissão política no último sábado, o cds_apontou baterias para os ministros miguel relvas e álvaro santos pereira, poupando vítor gaspar ao ponto de isso ser notado em são bento e no terreiro do paço. os centristas decidiram assumir claramente que é preciso um reforço da componente política do governo e que a inversão na estratégia do executivo passa por uma mudança no perfil dos principais titulares das pastas.

«o cds precisa de ganhar o seu próprio espaço», explicou ao sol um dirigente, depois de pires de lima ter dado a cara pela defesa de uma remodelação profunda no governo.

vítor gaspar acabou por não ser o principal visado.«tem de ficar pelo menos até à emissão de dívida a dez anos. e não choca que fique até ao fim do memorando», justifica fonte centrista. portas, na reunião da comissão directiva na quinta-feira da semana passada, já tinha procurado proteger passos coelho das críticas do seu partido por causa dos resultados da 7.ª avaliação da troika.

pires de lima elogia gaspar

antónio pires de lima chegou até a elogiar gaspar no que diz respeito à recuperação da credibilidade externa do país, enquanto adolfo mesquita nunes, um feroz crítico do ministro das finanças que agora é secretário de estado do turismo, optou por atacar a receita recessiva da troika, considerando que as finanças têm espaço de manobra limitado.

para os centristas, a remodelação parece ser a resposta ao iminente veto do tribunal constitucional (tc) ao orçamento do estado para 2013. e até ficou no ar uma data: até maio, quando almeida henriques sair da secretaria de estado da economia para ser candidato a viseu.

paulo portas pediu, para já, «serenidade» aos dirigentes do cds, para que evitem falar sobre o tc e fazer quaisquer pressões. na intervenção inicial na comissão política, preferiu centrar-se na moção de censura do ps para sublinhar que se aquela iniciativa tivesse consequências seria «trágica» para o país, pois a queda do governo e eleições antecipadas prejudicariam a imagem externa de portugal e a negociação da extensão das maturidades da dívida.

a propósito da moção de censura do ps, portas quis deixar claro que o cds não iria provocar crise nenhuma. ou seja, mesmo que o governo caia, nunca será por causa dos centristas.

mais importante do que o cds disse sobre a remodelação é o que não disse sobre a prometida reforma do estado que iria ser desenhada por paulo portas.

numa altura em que o governo se prepara para apresentar à troika os planos de corte da despesa pública – em abril, no documento de estratégia orçamental –, o cds continua sem opinião sobre a matéria. ao que o sol apurou, na comissão política só se falou da necessidade de se ter atenção aos problemas que os portugueses já estão a atravessar, de olhos postos na flexibilidade de metas.

helena.pereira@sol.pt