arquitectos, engenheiros, médicos, informáticos, homens das obras e designers, por exemplo, enchem páginas de jornais e são motivo de reportagem das televisões. muitos hão-de voltar mais ricos e com conhecimentos que lhes permitirão viver melhor e, ao mesmo tempo, ajudar o país a evoluir. já foi assim num passado não muito distante e voltará a acontecer com toda a naturalidade num futuro que se deseja próximo.
mas aqueles que ficam cá e têm uma história de sucesso também merecem ser realçados e admirados. na semana passada um acontecimento mereceu destaque na comunicação social, embora a notícia tenha sido mais ‘puxada’ pelo lado folclórico, como era inevitável. duas estrelas de hollywood foram convidadas para ‘baptizar’ dois barcos que vão dar vida ao douro e contribuirão para criar muitos postos de trabalho e, consequentemente, riqueza nacional. sharon stone e andie macdowell, as vedetas em questão, conseguiram atrair uma imprensa internacional que, por norma, não anda por estas paragens. mário ferreira, o responsável pela estratégia e pelo negócio, teve a visão de apostar forte em dois nomes que colocaram, de certa forma, o nome do douro nas bocas do mundo. não fizeram seguramente primeira página, mas em qualquer secção de curiosidades lá apareceram. digamos que foram um excelente veículo de promoção da região. mário ferreira demonstra ser um empresário conhecedor e acredita que é possível fazer obra. os dois barcos têm garantido, segundo palavras do próprio, lotação esgotada nos próximos cinco anos, já que o mercado americano fez reservas nesse sentido. penso que a iniciativa não teve a mão governamental e, por isso, é ainda mais de louvar.
pena é que tantos outros empresários do ramo da hotelaria, e governantes, não pensem em grande como o faz mário ferreira. por exemplo, o algarve não poderia angariar muito mais verbas com o golfe durante os meses de época baixa? faz algum sentido metade dos hotéis estarem fechados? por que razão não se aposta forte na qualidade? mário ferreira, o homem do douro azul, diz que a receita para o sucesso do negócio assenta em quatro factores: cultura, paisagens, gastronomia e arquitectura. o algarve não tem alguns destes trunfos, cultura e arquitectura, mas tem outros e muito bons. haja visão e vontade de não cair na ‘pechincheirice’ lusitana.
vitor.rainho@sol.pt