não nutria qualquer simpatia pelo presidente romeno, bem pelo contrário, mas achei a execução um acto bárbaro e surpreendeu-me a alegria de tantos.
esta semana lembrei-me dessas imagens quando li algumas notícias de festejos na grã-bretanha a propósito da morte de margaret thatcher. não sendo, de todo, duas figuras comparáveis – a dama de ferro, apesar das suas políticas, sempre foi uma democrata – como é possível supostos pacatos cidadãos regozijarem-se com a morte de alguém que lutou para fazer o melhor pelo seu país?
ainda para mais, das notícias que li, nenhuma se referia à irlanda do norte… o que me surpreende é o ódio instalado. parece que de um lado estão os bons, os que querem o bem das populações, e, do outro, os que querem o mal e que são uns malandros que justificam festejos quando morrem.
alguma sociedade cresce com esta dicotomia? quando o mundo estava dividido em dois blocos, a maioria das pessoas posicionava-se de acordo com um dos lados. os bons e os maus não se misturavam. mas, para todos os efeitos, quem estava do lado americano sabia que de tantos em tantos anos havia eleições e que quem estava no governo podia ser substituído. do outro lado, como todos sabemos, a história era bem diferente. não quero dizer com isto que o bem era representado pelos americanos e o mal vestido pelos soviéticos. há bons e maus em qualquer parte da barricada. mas, actualmente, parece que os maus são sempre os que estão no governo. sejam socialistas ou sociais-democratas. veja-se o que se passa em frança, onde os socialistas prometiam o melhor dos mundos e têm sido confrontados com escândalos vergonhosos e onde hollande tem sido obrigado a enveredar pela contenção de despesas. haverá na europa do sul alguém que tenha uma solução milagrosa?
face a este cenário, não entendo o ódio e o extremar de posições de tantos milhões. quem está sem emprego e não tem dinheiro para acudir às despesas mais básicas, é natural que não aceite a situação. mas o verdadeiro mal pode vir aí se os que estão a viver pior do que viviam acreditarem em milagres e derem crédito a quem espelha o tal ódio…
vitor.rainho@sol.pt