Hollande nas muralhas

Sair por umas horas do Eliseu, para bem longe, e tentar trazer na bagagem negócios da China. François Hollande está desde quinta-feria em terras chinesas, acompanhado de uma embaixada de empresários. O défice da balança comercial com a China é de 26 mil milhões de euros, um valor considerado insustentável por Paris.

a venda de 58 aviões airbus é a face visível de uma operação que envolve ainda a tentativa de exportação de produtos agro-alimentares, a construção de um centro de tratamento de resíduos nucleares e a instalação de uma fábrica automóvel francesa.

para trás deixou um país atormentado. a dias de cumprir um ano da eleição, o presidente francês vive um momento delicado. os números do desemprego batem recordes históricos (o fmi prevê que em 2014 chegue aos 11,4%); a aprovação do casamento por pessoas do mesmo sexo, nesta semana, foi o culminar de uma longa batalha política que acabou com confrontos nas ruas de paris e dividiu a sociedade; e o pacote de moralização política é contestado pelos próprios deputados socialistas.

a meio de tudo isto, hollande quebrou uma promessa eleitoral. afirmou que não iria receber deputados da maioria no eliseu, como era prática de sarkozy. fê-lo há dias, tendo reunido com uma dezena de parlamentares socialistas. da reunião nada se sabe, mas hollande poderá ter ouvido o pedido de uma remodelação governamental (como alguns socialistas têm pedido publicamente) e de uma mudança de rumo. hollande, segundo o le monde, resiste às pressões. «o pior é quando se muda de política», diz aos ministros.

cesar.avo@sol.pt