Combustíveis mais baratos do que em Espanha

Há poucos anos fizeram-se muitas reportagens sobre o declínio e a falência dos restaurantes que ladeavam a estrada nacional que levava os automobilistas até ao Algarve.

a auto-estrada, uma das mais seguras do país, tinha retirado milhares de carros do percurso alternativo e as famosas bifanas e os cozidos à portuguesa de canal caveira passaram a ser substituídos por sandes ‘rápidas’ nas estações de serviço da a2.

alguns comerciantes que tinham os seus negócios junto à estada nacional (en) tentaram arranjar estratégias para convencer os condutores a saírem da auto-estrada para descansarem um pouco e optarem por ter uma refeição calma, barata e saborosa antes de chegarem ao destino. apesar disso, muitos empregos se perderam na en ao mesmo tempo que se ganhavam outros nas tais estações de serviço da a2.

com a crise a ganhar expressão, os meios de comunicação social voltaram a aparecer em canal caveira. sem dinheiro para portagens e para o combustível que se gastava, milhares de turistas nacionais voltaram a descobrir o ‘encanto’ das bifanas e afins da en. afinal, o dinheiro poupado em portagens e combustível dá para se ter uma refeição ligeira fora da alta velocidade da a2.

não faço ideia se se perderam muitos postos de trabalho nas estações de serviço, mas as pessoas, regra geral, olham para as gasolineiras com um ar de indiferença. «ganham tanto que não faz mal», ouve-se com alguma frequência – apesar de o «não faz mal» se referir a empregados que vão para o desemprego.

a economia dá mesmo muitas voltas. o que hoje não é lucrativo pode ser o negócio de amanhã. quem diria que as bombas de gasolina que foram encerradas junto às fronteiras com espanha poderão reabrir em breve, já que, actualmente, o combustível, principalmente o gasóleo, é mais barato em portugal do que no país vizinho?

há quantos anos isso não acontecia? desta forma, milhares de euros que saíam do país vão passar a ficar deste lado da fronteira, havendo ainda a vantagem de os espanhóis optarem por encherem os depósitos em portugal. não há dúvidas que o emprego será cada vez mais volátil – as condições económicas assim o determinarão. nas fronteiras do lado espanhol, por exemplo, os postos de combustível irão sofrer inevitavelmente com esta ‘dança’ de preços. é a vida.

vitor.rainho@sol.pt