SOL&SOMBRA

O mais e o menos da semana visto por José António Lima.

SOL

Cavaco Silva

Não fez um discurso inócuo e de circunstância no 25 de Abril. Aproveitou para alertar que o rigor orçamental e as dificuldades do país não acabarão com a saída da troika em 2014, mas irão continuar por muitos anos. Deixando pouca margem de manobra aos partidos que estiverem no Governo e exigindo consenso nas grandes linhas de orientação política, quer a quem esteja no poder ou na oposição. O PS, insensatamente mergulhado nos últimos tempos na vertigem da queda do Governo e de eleições antecipadas, não gostou de ouvir. Mas o Presidente falou com o maior dos realismos e colocando-se no nível onde deve estar – acima da pequena política e do frenesim partidário.

Carlos Silva

Foi eleito novo secretário-geral da UGT e recebe duas heranças difíceis de gerir. O legado de moderação e afirmação da importância da UGT deixado pelo longo mandato de João Proença. E uma gravíssima situação de crise no país que tem feito crescer imparavelmente o desemprego, baixar o nível salarial e cortar regalias aos trabalhadores. Surge com um discurso mais radicalizado do que o seu antecessor, mas se o aproximar demasiado das posições da CGTP corre o risco de levar a UGT a perder peso negocial e influência social.

SOMBRA

João Capela

Entrou na história já centenária dos dérbis entre Benfica e Sporting ao deixar passar em claro três penáltis inquestionáveis (há mesmo sportinguistas que apontam quatro ou cinco) contra o Benfica, entre outras decisões claramente parciais e à margem das regras do jogo. Não há memória de uma actuação tão enviesada e descarada em desafios deste nível de importância. Daqui a 50 anos, nas antevisões e no anedotário do sempre renovado dérbi, esta sua arbitragem ainda há-de ser lembrada. Pelas piores razões.

Isaltino Morais

Dez anos depois de se ter iniciado o seu processo judicial, quase quatro anos após a primeira sentença que o condenou a prisão e ultrapassados os mais de 30 recursos e reclamações que interpôs, foi finalmente detido e enviado para a cadeia. Foi a imagem da Justiça, já suficientemente abalada pelos expedientes a que foi recorrendo para evitar a prisão, que saiu desta vez a ganhar. Já não era sem tempo.

José António Lima