está há cerca de dois anos em lisboa e tem sido uma grande promotora de portugal como plataforma para o mundo lusófono das empresas britânicas. porquê?
com a actual crise, é um desafio global de toda a europa encontrar novos mercados onde seja possível crescer. e acreditamos que, nesta lógica, portugal tem um papel fundamental para o reino unido poder aproveitar alguns importantes mercados emergentes no mundo lusófono, como angola, moçambique e brasil.
o que estão a fazer nesse sentido?
no dia 8 de maio, por exemplo, vamos realizar um seminário em lisboa, no ccb, sobre portugal como plataforma para o mundo lusófono. o objectivo é trazer o máximo de pequenas e médias empresas (pme) britânicas a portugal e metê-las em contacto com empresas nacionais para juntos explorarem novas oportunidades em angola, moçambique e brasil, sobretudo. este seminário acontece na sequência de um outro, que decorreu em londres, no início de fevereiro. muitas das mais de 200 pme que participaram mostraram interesse num follow up do evento.
que tipo de empresas?
de muitos sectores de actividade, sendo que o grande objectivo é a exportação. ainda assim, há algumas que podem ter interesse em investir directamente.
e sabem de investidores angolanos ou moçambicanos interessados em investir no reino unido?
o conceito da plataforma pode, obviamente, funcionar em sentido contrário. até porque os grandes grupos angolanos e moçambicanos tendem a preferir portugal como base de investimento em outros mercados, incluindo o reino unido. e, por isso, estamos a acompanhar de perto também os movimentos desse lado. mas a embaixada em lisboa está, sobretudo, empenhada em conseguir meter as empresas portuguesas e britânicas a trabalharem juntas.
fala-se do interesse de investidores britânicos nas privatizações em portugal. pode confirmar e contar mais detalhes?
não posso dar nomes em específico, por causa de questões de confidencialidade, mas posso garantir que, de facto, há um forte interesse britânico nas privatizações em portugal. uma das nossas grandes missões é garantir que as empresas do reino unido estão a par das oportunidades para investir em portugal e, por isso, passo pelo menos 30% do meu tempo em diplomacia comercial. e uma grande parte disso não significa só levar investimento português para lá, mas também o contrário.
mas pode dizer em que empresas portuguesas estão interessados?
posso dizer que consideramos que existem algumas oportunidades muito interessantes este ano nas privatizações em portugal. no curto prazo, refiro-me aos ctt, carris e metro, tap. tal como disse, não posso revelar os nomes mas posso garantir que neste grupo de empresas há investidores ingleses muito interessados.
há alguns grandes grupos britânicos, como o barclays e a bp, que estão a desinvestir em portugal. isto decorre de um movimento global dessas empresas ou de falta de interesse pelo mercado nacional?
no caso do barclays, pelo que sei, estou em crer que não é uma questão de desinteresse em portugal, mas do ambiente recessivo que se vive na europa e do processo de reestruturação global que o banco tem em curso para tornar o grupo mais eficiente.
tem conhecimento de outras empresas britânicas cujo objectivo seja desinvestir em portugal?
até agora, ninguém veio ter connosco a dizer que quer cortar a estrutura ou o investimento.
como vê a actual situação económica, política e social em portugal?
acho que foi muito importante que os dois primeiros anos do acordo com a troika tenham sido dedicados a reformas estruturais. e o feedback que temos dos investidores britânicos é que estão muito agradados com a reforma no mercado laboral, por exemplo, que o torna mais flexível. e consideram que as reformas em curso estão a tornar portugal num país mais atractivo para o investimento.
a crise do país não vos assusta?
a crise económica está a afectar, um pouco, todos os países. e, por isso, portugal não está sozinho. e acho que há um bom nível de entendimento entre as empresas portuguesas e britânicas que pode ajudar a superar muitos dos actuais desafios.
estão a fazer significativas alterações no vosso sistema de emigração e continua a haver um grande interesse dos portugueses no reino unido. pode garantir que é hoje um bom sítio para os portugueses emigrarem?
o número de portugueses a trabalhar no reino unido tem vindo a crescer. e tal como existem hoje boas condições para o investimento, também há condições atractivas para se trabalhar. por isso, sim, é um bom sítio para se emigrar e onde os portugueses são muito bem-vindos.
tem conhecimento de alguma empresa portuguesa que queira investir no reino unido?
há muitas empresas que têm uma pequena presença lá e, pelos contactos que temos vindo a desenvolver, percepcionamos que o objectivo de muitas é reforçar o investimento. mais uma vez, não posso revelar nomes.