Ninhos e moicanos

Muito se tem escrito sobre o casamento do futebol com a moda, dando-se os exemplos de Luís Figo e David Beckham, amigos de alguns estilistas famosos, e presença assídua de festas exclusivas, onde sobressaem nomes como George Clooney ou Brad Pitt.

cristiano ronaldo também passou de patinho feio a deus grego e influencia milhões de jovens por esse mundo fora que procuram vestir-se e pentear-se como a estrela do real madrid. porém, nos últimos tempos o casamento do mundo da bola com o da moda tem sido abalado por duas pragas verdadeiramente horríveis. ou não fossem pragas…

falo dos penteados à taxi driver e à oficial e cavalheiro, na versão do cadete hispânico que procurava passar na recruta usando um ninho na cabeça. já os moicanos à robert de niro utilizam algumas variantes: coloridas, mais pequenas ou maiores. a juntar a tudo isto, é preciso acrescentar as tatuagens à marinheiro zangado com a vida.

em tempos não muito distantes, havia discotecas que proibiam o uso de camisolas em bico, sinónimo então de ‘bimbalhada’. os conceitos de moda foram-se alterando e bem, no caso das camisolas, mas os penteados à jogador é que nunca fizeram parte do visual desejado para se entrar nas discotecas mais difíceis. nos últimos tempos tenho reparado que nos sítios que frequento é raro encontrar uma ave rara com o ninho ou um bacano à moicano. esses gostos são mais dados a locais bregas onde se podem encontrar centenas de candidatos a entrarem em qualquer casa dos horrores.

e esse divórcio entre o futebol e a moda é tão evidente que alguns dos craques mais fashion fugiram de tais penteados a sete pés. o mais curioso nessa relação futebol/moda é que hoje em dia alguns dos jogadores perdem mais tempo com os penteados do que qualquer aspirante a ‘rei’ da noite. nos relvados e fora deles, os craques revelam quem são os seus cabeleireiros e até figuras patuscas como o nosso fábio coentrão denotam um certo orgulho por frequentarem determinado salão.

quem diria que tais profissionais teriam mais trabalho em campos de futebol do que nas proximidades dos locais onde se realizam festas? eu se fosse porteiro jamais deixaria entrar cabeças de ninho e moicanos, aconselhando-os – educadamente, é claro – a procurarem outro cabeleireiro. sacanagem…

vitor.rainho@sol.pt