Outro ano negro para a banca

Na primeira liga de bancos a operar em Portugal, apenas o BPI e o Santander Totta conseguiram lucros no primeiro trimestre. E as perspectivas para o resto de 2013 são pouco animadoras, dada a conjuntura económica.

quebra da margem financeira, provocada pelas baixas taxas de juro (euribor em mínimos), forte agravamento das imparidades e necessidade do reforço de provisões, devido ao aumento do malparado e do crédito em risco. são estes os principais factores que marcaram a actividade bancária no primeiro trimestre de 2013, levando várias instituições financeiras a prejuízos. e que prometem assombrar o sector no resto do ano.

na primeira liga da banca portuguesa, só o bpi conseguiu melhorar as suas contas, nos primeiros três meses do ano. o banco liderado por fernando ulrich registou resultados líquidos positivos de 40,5 milhões de euros, um crescimento de 3,1%. e até agora, o banqueiro é o único que admite «lucros para o acumulado do ano», citado pelo negócios.

a melhoria da actividade doméstica, a par de ganhos com operações financeiras (entre os quais mais-valias na venda de dívida soberana), justificam a melhoria de resultados do bpi.

o santander totta, que apresentou ontem as contas trimestrais, também ficou em terreno positivo, mas viu os lucros recuarem 66,6%, para 10,2 milhões de euros.

bes e bcp com perdas

todas as outras instituições financeiras ficaram no vermelho. o bcp e o bes passaram de lucros a prejuízos e apontam a conjuntura económica e financeira como a principal causa. o presidente do bes, ricardo salgado, admite melhorar os resultados nos próximos meses, mas rejeita comprometer-se com lucros já este ano.

o argumento da conjuntura é também utilizado pela cgd para explicar o agravamento dos prejuízos. no banco do estado acresce o aumento de custos com a reposição dos subsídios de férias e natal, que penalizou as contas.

também com resultados líquidos negativos, o banif conseguiu, porém, minimizar o nível de perdas. e as ‘culpas’ dos prejuízos são atribuídas sobretudo à actividade no brasil.

a necessidade de reforçar os rácios de solvabilidade para responder às obrigações das autoridades bancárias, de tornar os balanços mais robustos e de melhorar a liquidez, são outros factores que continuam a marcar as operações dos bancos em portugal.

tania.ferreira@sol.pt