Por isso, na quinta-feira, quando esta quarta adaptação ao cinema do livro de F. Scott Fitzgerald chegou às salas nacionais, já se sabia que a obra não reúne o consenso da crítica, que na sua maioria reprova o filme. Independentemente das expectativas de cada espectador, O Grande Gatsby de Baz Luhrmann deve ser encarado como puro entretenimento. É isso que a obra é: um típico filme popcorn, semelhante a fast food. É agradável no momento, mas mal a refeição acaba não deixa marcas.
A pouca profundidade do filme é compensada com imagens coloridas, carregadas de movimento, e cenários extravangentes, com a opulência associada à década de 1920, a jazz age, a saltar (literalmente na versão 3D, que acentua ainda mais esta superficialidade) do ecrã. Este impacto visual fortíssimo é constante e reforçado por uma banda sonora curiosa e ousada.
Conhecido por se preocupar bastante com o lado musical dos seus filmes – basta recordar Romeu+Julieta (1996) e Moulin Rouge! (2001) –, há várias sequências em O Grande Gatsby que se assemelham a verdadeiros telediscos. Para isso, Luhrmann contou com a ajuda do rapper Jay-Z, que coordenou a banda sonora e chamou nomes conhecidos da cultura pop como, entre outros, a sua mulher Beyoncé, Kanye West, Jack White, Lana Del Rey e Florence + The Machine.
Quase sempre anacrónicos com as imagens que desfilam no ecrã, a irreverência dos momentos musicais acaba por dar força ao filme. Especialmente ‘Together’, o tema original dos The xx criado para a obra, a servir de fio condutor da história entre Gatsby (Leonardo DiCaprio) e Daisy (Carey Mulligan) e é a canção que melhor capta o espírito contido do romance de Fitzgerald.
De resto, essa subtileza do texto original não se sente em mais nenhum momento no filme de Luhrmann e as personagens nunca seduzem eficazmente o espectador. Nem mesmo Nick (Tobey Maguire), que narra a história, e é o único capaz de compreender a idealização inocente do sonho americano de Gatsby.