sobre a polémica tsu dos reformados, paulo portas veio dizer que tem uma palavra e não duas. acha que a sua palavra foi posta em causa pelo governo?
não, de modo nenhum. foi assumido pelo próprio governo – e isso foi feito aqui no parlamento – que há um compromisso para tudo fazer para evitar aquela medida, que passou de obrigatória a opcional. a questão começou por ser mal entendida, mas agora está devidamente esclarecida. não tenho dúvidas. o assunto está encerrado com este compromisso de tudo fazer para que não seja aplicada aquela medida. foi o compromisso possível e é equilibrado.
portas disse que é incompatível com a tsu dos reformados. se a taxa avançar no oe 2014, só portas sai do governo ou todo o cds?
o cds também deve ser incompatível com a taxa.
a coligação deve durar até ao fim da legislatura ou até à saída da troika, em junho de 2014?
são duas coisas diferentes, mas entendo que os mandatos são para cumprir.
a coligação está a funcionar em pleno?
portugal é um país relativamente pouco habituado a coligações. temos de aprender a lidar com mais naturalidade. uma coligação assegura estabilidade, mas também uma necessária diversidade. não se pode esperar que os partidos deixem de existir e passem a um estado de fusão automática. pode haver alguma estranheza, mas é uma questão de hábito. do ponto de vista da estabilidade, esta tem sido assegurada.
legislativas antecipadas seriam um retrocesso para o país como diz o pr?
não seria uma boa solução para o país. muitas vezes, as consequências negativas de uma queda do governo e eleições são sub-avaliadas. para um país sob assistência, significaria o prolongamento desse plano de assistência e imposição de medidas mais gravosas. a opinião pública saberia penalizar os partidos que criaram a crise. por isso, parece- me estranho que o ps esteja sistematicamente a pedir eleições.
a coordenação política do governo melhorou com a entrada de poiares maduro?
não cabe aos deputados fazerem apreciações sobre o funcionamento orgânico do governo. é mais importante discutir a política seguida do que a pessoa a ou b.
o novo crédito fiscal ao investimento marca uma nova segunda fase do governo virada para a economia?
esta medida, juntando a outras, como o iva de caixa – que era uma reivindicação muito antiga do cds – creio que marca. este crédito permitirá dar um incentivo muito importante ao investimento, nomeadamente, atraindo capital estrangeiro e empresários que estavam indecisos em investir. pode ter um impacto muito significativo na economia.
e representa finalmente uma inflexão de gaspar?
acho difícil estabelecer essa dicotomia, do ponto de vista pessoal e político. não há uma economia forte sem finanças públicas sãs, como também não é possível o outro lado da medalha.
o governo encontrou equilíbrio entre as finanças e a economia?
só posso concordar com as políticas que estão a ser seguidas agora, que olham para a questão financeira e a economia ao mesmo tempo. os equilíbrios não são nada fáceis.
o que espera do orçamento rectificativo? acredita num corte nas despesas dos ministérios?
o aumento da despesa será reposto, grosso modo, por corte nas despesa dos ministérios. é isso que está anunciado e é disso que estou à espera.
quando é que portas deve entregar o guião para a reforma do estado?
não sei o calendário do governo, mas saliento que esse é um trabalho difícil e árduo que está a ser feito. muitas vezes, as pessoas acham que aquilo de que não se fala não está a ser feito, mas é ao contrário. e se há coisa que o governo tem demonstrado na apresentação de medidas, nos últimos meses, é uma enorme abertura ao consenso social. isso é verdade para a reforma do irc, mas também para muitas outras reformas. é muito importante o consenso social. a concertação social não é uma formalidade.
por que é que saiu do governo?
não falei disso na altura e já passou tempo suficiente também para não falar. tive o cuidado de voltar às minhas comissões de origem no parlamento e tenho o cuidado e a discrição institucionais. deve haver algum distanciamento em relação à área que tutelava [turismo]. há ciclos na vida e funções. a função de governante é diferente da de deputada.
gostou de trabalhar com álvaro santos pereira?
como disse, já passou tempo suficiente para não falar sobre esse assunto.
helena.pereira@sol.pt