com esse lançamento, alimentaram-se esperanças de novo disco, mas albarn voltou a negar a informação, afirmando que o máximo que podia acontecer era um concerto, único, em londres. foi o que acabou por acontecer em agosto do ano passado, no hyde park. mas o concerto que iria servir de despedida dos blur acabou por originar uma digressão mundial, cuja primeira data na europa aconteceu há uma semana, no primavera sound de barcelona. e para quem assistiu a esse concerto, ficou uma certeza: os blur gostam demasiado de tocar ao vivo para deixar a vasta herança que construíram para trás. é essa energia duradoura que estará hoje em destaque no palco principal do optimus primavera sound, num concerto que passará em revista êxitos como ‘girls & boys’, ‘country house’, ‘coffee and tv’, ‘beetlebum’, ‘parklife’, ‘tender’, ‘end of a century’ ou ‘the universal’.
com um cartaz assumidamente de música alternativa, os blur são uma das poucas bandas que consegue agregar público mainstream e indie, alargando, com essa simbiose, a própria plateia do festival. josé barreiro, director do evento, é o primeiro a reconhecer que «nesta edição espera-se um público mais heterogéneo» e a responsabilidade é, sem dúvida, dos blur, “a actuação mais aguardada de todas”. mas a presença dos britânicos, reforça o responsável, exemplifica igualmente a própria natureza do evento: “a dicotomia entre passado e futuro”. “há muitas bandas que estão a começar e que vão ditar o futuro da música, mas há também bandas que marcaram o passado, mas continuam a influenciar a música actual”, afirma josé barreiro, enumerando além de blur, nick cave and the bad seeds, my bloody valentine, swans, dinosaur jr., meat puppets, dead can dance. e, a julgar pelas actuações de há uma semana em barcelona, estes veteranos estão em excelente forma.
além das pontes óbvias no cartaz dos dois festivais, a comunhão entre o primavera sound espanhol e o português estendeu-se este ano ao próprio recinto. no ano passado, o optimus primavera sound chamou joão paulo feliciano para director cénico do festival e o artista e músico apostou na ‘limpeza visual’ de todo o recinto, eliminando o excesso de informação publicitária habitual nestas ocasiões, bem como na disposição de dois palcos lado a lado. apesar de se realizar há 12 anos, a organização espanhola importou algumas ideias do evento português e convidou, inclusive, joão paulo feliciano para intervir no recinto de barcelona. “esta troca é uma estrada de duas vias”, diz josé barreiro, considerando que se o balanço da primeira edição do festival em portugal, no ano passado, já era positivo, este convite confirmou ainda mais a aposta da organização espanhola no porto.