se as novas gerações procuram não seguir os pais no que diz respeito à constituição de uma família numerosa – a partir de oito filhos –, não deixa também de ser verdade que quase todos os casais querem ter, regra geral, três ou quatro filhos. a figura da adopção não é muito familiar, a não ser quando o tema inclui estrangeiros. por norma, são estrangeiros que adoptam as crianças órfãs.
vem esta conversa a propósito do programa a que assisti na rtp, no dia 27 de maio, quando cheguei ao hotel. mais uma vez o histerismo dominou o assunto da co-adopção. e mais uma vez fiquei com a sensação de que um assunto que podia ser resolvido sem grandes ondas, vai fazer correr muita tinta desnecessariamente.
mas recuemos um pouco no tempo. há poucos anos travou-se uma batalha memorável por causa da legalização do casamento de casais homossexuais. sempre achei a discussão uma estupidez, já que se podia ter feito tudo sem chocar quem quer que fosse. as pessoas do mesmo sexo que viviam uma com a outra podiam ter adquirido todos os direitos dos casais heterossexuais, mas podiam perfeitamente ter encontrado outra designação para essa união. com essa atitude a sociedade ficou dividida ao meio.
mas já nessa altura se começou a discutir a história da adopção por casais gays. retive então as declarações de alguns prestigiados psiquiatras, conotados com a esquerda, que alertavam para o problema do estigma em que podiam viver essas crianças. dizia um deles, que nas escolas essas crianças iriam sofrer horrores. eu dei como garantido que era inevitável a adopção por casais gays, até porque muitos dos casos mais mediáticos de adopção incluíam homossexuais. bastava ver as revistas cor-de-rosa… mas pensava que tudo ia ser feito com alguma discrição para preservar a criança. errado.
a co-adopção veio agravar ainda mais a vida daqueles que não pediram para entrar em tal filme. se um casal gay, casado, quer que os dois tenham direitos e deveres sobre o ‘filho’ porque não defendem apenas as questões jurídicas e deixam a definição de pai e mãe para os casais heterossexuais? o histerismo dos adultos sobrepõe-se aos direitos das crianças. o que é mau.
vitor.rainho@sol.pt