Estar na moda

O sobe e desce dos fenómenos da moda é igual em todo o lado. A primeira vez que fui a Moçambique, o CFMera um bar onde se encontravam os portugueses, misturados com alguns locais e outros clientes de proveniências várias.

no que diz respeito às discotecas, era o triângulo do cocunuts, lounge e ice que merecia a preferência da maioria. depois havia e há o teatro gil vicente, onde as terças-feiras acolhem a comunidade lusa, com muitas raparigas da vida. a música ao vivo serve para os presentes cantarem karaoke com a ajuda da banda contratada.

mas nos últimos tempos todos falam do novo espaço: o 1908. é aqui que às sextas e sábados todos querem estar. situado numa enorme moradia – no andar de cima fica o sindicato dos médicos e nas traseiras um hospital… –, os convivas optam por ficar no exterior. uma enorme esplanada serve para se ouvir música, beber ou comer. diga-se que os petiscos servidos merecem nota alta. o curioso é que no interior tudo é diferente. dezenas de mulheres procuram encontrar uma presa que se ache a última coca cola do deserto. o jogo é tão evidente que todos fingem estar numa partida diferente. a comunidade portuguesa parece ter-se transferido de armas e bagagens para lá, deixando o cfm um pouco às moscas. é a novidade e por isso todos querem estar presentes. mas o que mais me surpreendeu foi a ostentação que não tinha visto noutras alturas: moçambicanos e portugueses gostam de ter a sua garrafa na mesa e o conceito de privado está a instalar-se com os respectivos sinais de poder financeiro.

apesar de a música no exterior não ferir os ouvidos, já que os decibéis estão bastante baixos, não deixa de ser curioso sair e dar de caras com o hospital. o espaço está bem conseguido e é, sem dúvida, a grande casa do momento. há outros dois espaços que merecem destaque: um só funciona até às seis da tarde e é um verdadeiro oásis em maputo. falo do dhow café, de onde se tem uma vista privilegiada sobre a cidade e que tem uma decoração muito bem conseguida. excelente para acabar o dia, já que a noite se põe cedo. o outro é o venue, que acaba mais tarde e onde as conversas giram tranquilamente. é lá, à semelhança do 1908, que se encontra a elite moçambicana. lembrei-me bastante de portugal, pois lá como cá, as casas ganham fama à mesma velocidade que a perdem. a novidade é que faz correr as maiorias.

vitor.rainho@sol.pt