as presidenciais de hoje, que põem termo a oito anos do conflituoso populista mahmoud ahmadinejad, vão opor uma frente reformista a quatro candidatos da linha dura – saed jalili (actual negociador nuclear), mohammad bagher qalifab (autarca de teerão), ali akbar velayati (ex-mne), mohsen rezaei (antigo líder da guarda revolucionária) – e a um candidato declaradamente neutro, o antigo ministro do petróleo mohammad gharazi.
interagir com o mundo
rouhani, um teólogo que desempenhou vários cargos na área da defesa, promete uma «interacção construtiva com o mundo» para negociar o fim das pesadas sanções económicas em vigor desde que o irão arrancou com um programa de energia nuclear que o ocidente suspeita ter fins militares. a sua posição relativamente moderada no seio do regime liderado pelo guia supremo ali khamenei esteve na origem da sua demissão do cargo de negociador e de um conflito aberto com ahmadinejad.
no entanto, o triunfo dos reformistas é improvável perante as fortes restrições impostas pelo regime. ao contrário do que aconteceu em 2009, não se registaram grandes manifestações de oposição à ala dura durante a campanha eleitoral.
mir hossein mussavi e mehdi karoubi, candidatos progressistas nas eleições daquele ano, encontram-se em prisão domiciliária desde a crise pós-eleitoral em que pelo menos 80 opositores de ahmadinejad terão sido assassinados.
nos últimos dias, e devido à ausência de garantias de transparência e ao pesado clima reinante em teerão, circularam apelos para um boicote às presidenciais. ontem, no entanto, o moderado rafsanjani veio pedir aos seus apoiantes para votarem, argumentando que a abstenção beneficiará os ultraconservadores.
as eleições iranianas ocorrem num quadro de grande instabilidade no médio oriente, com teerão a assumir a liderança de um bloco xiita num conflito em várias frentes com muçulmanos sunitas, estes dirigidos por nações como a arábia saudita e o qatar – no iraque, onde se assiste a um regresso em força do terrorismo; na síria, onde o irão apoia o regime de bashar al-assad numa guerra que já matou mais de 90.000 pessoas; e em países fracturados como o líbano e o bahrein.