há uns meses li umas notícias que questionavam o dinheiro gasto por um empresário que fez o casamento de um filho no brasil, salvo erro, e que teria gasto uns milhares de euros a convidar uns tantos amigos. não conheço a personagem em causa mas, até prova em contrário, construiu a sua riqueza de uma forma legal. pouco tempo depois, li outras notícias no mesmo sentido. uma falava de alguém que tinha optado por comprar uma casa de milhares de euros, outra envolvia gastos também em bens materiais como uma mala que teria custado dois mil euros.
por essa altura soube de um caso de um empresário que optou por deixar o austin martin na garagem para não criar invejas e não ser quase linchado na praça pública. não sei o valor do carro, mas calculo que não ultrapasse os 400 mil euros.
os exemplos não faltam. mas quando a história mete futebol, no caso europeu, tudo é desculpável. o real madrid quer contratar um jogador por 100 milhões de euros e quase ninguém acha anormal. 100 milhões por um jogador? não será um valor verdadeiramente obsceno para os tempos de crise? curiosamente, li esta semana que um dos principais jogadores de futebol, cesc fàbregas, do barcelona, considera a verba um atentado ao pudor, atendendo aos que tempos que vivemos. também é certo que o seu clube acaba de contratar um craque brasileiro por mais de metade dessa verba…
e se olharmos para a realidade portuguesa? o que constatamos? que, apesar da crise e de estarem quase todos endividados até já roçarem o cartão vermelho, os principais clubes continuam a fazer as suas aquisições como se tivessem máquinas num casino de macau ou de las vegas.
os clubes de futebol não entram nestas guerras de austeridade enquanto não falirem. em espanha, um clube com alguma tradição fechou portas esta semana. falo do salamanca, onde brilharam alguns jogadores portugueses e onde uma comunidade universitária dá vida à bela cidade. o futuro de muitos clubes será idêntico ao do salamanca e de alguns clubes portugueses que já fecharam portas…
vitor.rainho@sol.pt