na abertura do seminário internacional ‘atelier projet urbain 44 – lisboa, um projecto urbano em tempo de crise’ – organizado pelo ministério francês da igualdade do território e da habitação, em colaboração com a cml, que aconteceu a 27 e 28 de junho, antónio costa revelou que o agravamento económico da europa e de portugal foi decisivo para o recuo de alguns projectos, como o da obriverca no braço de prata, do arquitecto renzo piano, ou o de jean nouvel para alcântara.
contudo, refere que estes foram tempos onde se aproveitou para estudar, melhorar alguns projectos e redefinir prioridades para o futuro. antónio costa salientou que as freguesias foram reduzidas de 53 para 24 e que em 2014 irão contar com um reforço financeiro significativo – de 23 para 68 milhões de euros, por via de uma transferência directa de verbas do orçamento do estado –, sem que se verifique um aumento da despesa pública. «uma descentralização de competências e meios que não teria sido possível com as 53 freguesias anteriores à reforma», afirmou.
pequenas obras criam grandes mudanças
o presidente da câmara acredita também que as intervenções na cidade, como por exemplo no terreiro do paço, serviram para mudar os hábitos das pessoas. considera que esse projecto foi decisivo para implementar uma nova forma de habitar a cidade. antónio costa adiantou ainda que, quando não existe dinheiro, é necessário trabalhar em ‘pequenas grandes’ coisas. «são pequenas obras e intervenções que criam grandes mudanças na cidade», concluiu.
manuel salgado, vereador do urbanismo da cml, também presente no seminário, adiantou ao sol que já foram reabilitados 8.200 edifícios em lisboa por privados, num investimento de 600 milhões de euros.
para o vereador, dinamizar a habitação tem sido uma das prioridades da câmara e nos últimos quatro anos já foram investidos 170 milhões de euros para o projecto habitacional. manuel salgado adiantou ainda que se perdeu 4% da população.
outro dos temas realçados pelo vereador foi a diminuição do número de veículos na capital. há cerca de cinco anos entravam cerca de 400 mil caros em lisboa e agora são cerca de 370 mil. «isso é reflexo da crise e do custo de combustível, das dificuldades ao crédito à habitação e tudo isso reflecte-se na área urbana», explicou.
relativamente à nova lei das rendas, manuel salgado realçou que está a ter alguns efeitos perversos, principalmente no comércio. contudo, não deixou de salientar o lado positivo da nova lei e acredita que este mercado vai estabilizar.
num evento onde estiveram presentes 250 especialistas – arquitectos, urbanistas, consultores e outros profissionais ligados ao urbanismo –, 150 dos quais estrangeiros, lisboa foi o tema mais comentado.
reabilitação é a tarefa
para o arquitecto alberto de souza oliveira, responsável pelo projecto de recuperação do cine-teatro mais emblemático do parque mayer, o capitólio, presente numa das visitas agendadas, a reabilitação é a grande tarefa de lisboa. «reabilitar a cidade e o centro histórico e voltá-la para o turismo é fundamental», salientou.
contudo, o arquitecto também admite que os arquitectos estão pouco estruturados para intervir na cidade: «estruturar implica um esforço conjunto com a autarquia».