Lisboa rendeu-se aos Vampire Weekend

Não era preciso ser nenhum vidente para perceber, com relativa antecedência, que o palco secundário do Optimus Alive ia ser demasiado pequeno para receber os Vampire Weekend.

essa confirmação chegou cerca de meia-hora antes do concerto começar, com a tenda do palco heineken já bastante congestionada de um público que, perante a inevitável percepção de que a banda norte-americana ia encher o recinto, quis garantir um lugar com boa visibilidade. e esta foi, de facto, a opção mais inteligente. quando o vocalista ezra koenig e os seus companheiros apareceram, havia toda uma multidão que transbordava da tenda, ‘alargando’ a festa que se seguiu até ao início da esplanada. “eles deviam estar no palco principal”, ouviu-se com alguma frequência.

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em lisboa para apresentar o terceiro álbum, o melancólico “modern vampires of the city”, a banda escolheu, porém, por apostar na sua maioria em temas electrizantes dos primeiros discos, “vampire weekend” e “contra”. ‘cousins’ e ‘white sky’ abriram o alinhamento e, durante 1h20, desfilaram canções de pop irresistível como ‘a-punk’, ‘cape cod kwassa kwassa’, ‘horchata’ e ‘walcott’. a opção revelou uma banda inteligente, que sabe muito bem que num ambiente festivaleiro, para lá dos seus fãs, há sempre público novo para agarrar.

‘step’, a primeira visita a “modern vampires of the city’, só entrou ao quarto tempo, já a plateia estava rendida à performance da formação de nova iorque. até porque é exactamente isso que o quarteto faz: uma performance extremamente eficaz e inteligente, sem margem para erros, que conquista todos os presentes. o único reparo – se é que se pode fazer algum perante resultado tão eufórico – é a falta de espontaneidade dos vampire weekend.

a banda é tão profissional, executa todos os elementos da sua música de forma tão perfeccionista, que parece ter medo de fugir à comunicação previamente traçada para manter com o público (basta abrir o youtube e ver outros concertos desta digressão para comprovar a teoria). nas poucas vezes que se dirigiu à plateia lisboeta, ezra não abordou uma única vez a experiência que a banda teve, quinta-feira e ontem, na lezíria ribatejana, onde gravaram o teledisco de ‘unbelievers’, apresentado aliás no alive. o único ligeiro desvio a esta provável timidez, surgiu antes de tocaram ‘diane young’, com ezra koenig a dedicar o tema a uma fã presente nas filas da frente, que exibia um cartaz com o nome da canção.

alexandra.ho@sol.pt