A música dos noivos

Ultimamente, em três casamentos, sucedeu-me ver o noivo entrar na igreja agarrado à mãe, em marcha, com música solene.

e depois, quando já ninguém espera, outra vez música (a nupcial passou de moda, e vêem-se agora outras escolhas), outra vez marcha, e são as noivas a entrar. isto está bem?

francisca sousa

o normal nunca tinha sido isso. agora, pelos vistos, começa a ser. eu não acho bem, e não tenciono adoptar o modelo nos casamentos dos meus filhos – se tiver voto na matéria.

o indicado é o noivo, acompanhado realmente pela mãe, e também pelos padrinhos, ser o primeiro a chegar à igreja, de uma forma discreta. antes dos convidados, que começam a aparecer à hora marcada, contando já com o atraso da noiva (tanto maior quanto menos educada ela for), enquanto o noivo fica à espera junto do altar.

a única a entrar com música deve ser a noiva, de braço dado com o pai, e o clássico era a marcha nupcial (há 2 mais usuais: a de mendelssohn, da suite de sonho de uma noite de verão, primeiríssima, e a de wagner, do coro nupcial da ópera lohengrin). já se sabe que agora, com a mania das originalidades, cada noiva tende a escolher uma música de que goste mais. mas, espera-se, que se coadune com o ambiente religioso da cerimónia na igreja. precisamente o anúncio de que a noiva ia entrar no templo era dado pelo órgão, quando arrancava a marcha. sinal para os convidados se levantarem.

essas músicas dos noivos são outra originalidade dos tempos, com inspiração de gosto muito duvidoso, e seguramente de longes terras, de gente sem referências sociais ou religiosas.