Deputados pedem lei anti-hooligan na AR

O futebol pode ser, às vezes, um exemplo para a política. Indignados com os protestos da semana passada nas galerias de S. Bento, há deputados do PSD e CDS que defendem a aplicação de sanções semelhantes às dos hooligans nos estádios de futebol, ou seja, uma interdição de acesso.

“tem de haver sancionamento. não se pode fazer manifestações ilegais e insultar os deputados”, afirmou ao sol o deputado do psd jorge paulo oliveira, defendendo a continuação do acesso livre aos cidadãos, mas com sanções a quem infringe as regras, que podem passar mesmo por “impedir as pessoas de voltar” ao parlamento.

jorge paulo oliveira é o deputado que esta semana travou uma discussão, em plena reunião da comissão parlamentar de orçamento, com a sindicalista ana avoila, da frente comum de sindicatos, por se ter feito acompanhar por uma outra dirigente que na semana passada foi filmada a gritar nas galerias de são bento.

‘foi deplorável’

também artur rego (cds) defende algo parecido. “quem desrespeita esta casa, os deputados e a lei, deveria ficar interdito durante algum tempo. devia-se criar uma regra para isso”, defendeu ao sol.

“foi deplorável e um acto intimidatório. se a assembleia não fizer nada, não se está a dar ao respeito”, diz, por seu turno, joão rebelo (cds), apelando a que se cumpra a lei, isto é, que sejam emitidos autos pela psp – a responsabilidade é desta polícia, que tem uma esquadra dentro do parlamento – e enviados para o ministério público.

ao sol, fonte oficial do gabinete da presidente da assembleia, assunção esteves, lembra que, “no princípio da legislatura, a presidente deixou indicações às autoridades policiais para que, em caso de manifestação nas galerias, usasse da maior moderação possível na relação com as pessoas”.

depois de ter pedido que se repensassem as regras de acesso às galerias, assunção não tocou no assunto esta semana. se o fizesse, também não teria qualquer acolhimento por parte dos partidos.

teresa leal coelho, vice-presidente da bancada do psd, considera que “é prematuro e excessivo” discutir novas regras. “não quer dizer que não tenha havido excessos, mas não se excederam os critérios que o possam justificar”, diz ao sol.

helena.pereira@sol.pt

*com david dinis