já nas pistas de dança e à volta das mesas, os casais que esperaram 12 meses por este momento olham-se timidamente enquanto miram os restantes presentes. alguns vão fingir que se estão a divertir, outros farão um ar de enjoados como que a dizer que saídas nocturnas é só com os amigos lá do escritório. mas, regra geral, estarão mais interessados em olhar para os outros do que em aproveitar o momento. aqueles que já têm filhos crescidotes vão tentar evitar cruzar-se com eles, embora hoje em dia seja um pouco difícil já que não há nenhum sítio proibido a menores de 21 anos. antigamente, dirão, não era qualquer um que entrava na discoteca.
deixando, com todo o respeito, a secção de museu para trás, passemos à dos adiantados. os miúdos nem precisam de falsificar bilhetes de identidade como acontece em lisboa e no porto. no algarve, por norma, é sempre a abrir e ninguém quer saber desses pormenores de idade. ‘tem dinheiro para pagar o consumo mínimo? hum, se já têm tantas pulseiras na mão é porque sim’, dirão os responsáveis, aludindo aos sinais de consumo mínimo que os jovens vão acumulando noite após noite.
mas novos e menos jovens vão aproveitar estes próximos 13 dias para viverem como se não existisse amanhã. cada um ao seu ritmo, é certo. esquecendo as aparências, as festividades poderão começar nas sunset partys, que as há para todos os gostos, e prolongarem-se pela noite dentro, não faltando para os mais temerários afters com odores estranhos. as mulheres nos afters de verão ficam particularmente feias, com a pintura a cair pela cara abaixo.
haverá quem vá atrás do dj e quem irá optar por estar onde os amigos se encontrem. muitos quererão as pulseiras ou os cartões sem consumo. no final da noite, os gerentes terão de fugir por momentos para não terem de assinar cartões ou aturar bêbedos que se julgam no direito de prolongar a festa mais do que o razoável.
do que não há dúvida é que o algarve é sempre um misto de circo, teatro, passerelle e jogo, citando um grande amigo, onde muitos se divertem. boas festas.
vitor.rainho@sol.pt