Miseráveis anónimos

Nos tempos que correm sente-se que uma corrente ganha força. Na televisão, nos jornais e, sobretudo, nas redes sociais, o miserabilismo parece crescer cegamente.

figuras gratas, e bem na vida, são dos principais impulsionadores, parecendo que não pertencem a este mundo – alguns dos quais com largos milhares de euros doados pelo estado para as suas fundações e afins. que é preciso denunciar as injustiças, ninguém duvida, agora que se faça uma espécie de caça às bruxas a quem produz trabalho, é um verdadeiro exagero.

a forma quase doentia como se apela à revolta é preocupante. nas redes sociais, sob a cobardia do anonimato, dizem-se as maiores barbaridades e chega-se a apelar ao linchamento de figuras consideradas hostis. mas que democracia é essa?

o conteúdo deixou de ter qualquer importância e apenas a forma interessa. uma figura diz que o seu sonho é ter uma mala de marca e logo os cobardolas da net fazem uma perseguição miserável à dita cuja. por outro lado, começa a cultivar-se uma caça aos ‘ricos’, como se o mundo fosse melhor só com pobres. por que não se apela antes a que os pobres possam criar riqueza? e por que razão há-se ser o estado a meter-se em tudo? há algum país onde o estado mande na economia e as populações vivam bem?

os exemplos esquizofrénicos são aos montes, só me faltando ver manifestações de protesto contra a austeridade em festivais onde as pessoas pagaram mais de 50 euros para ouvirem as suas bandas preferidas. esta semana cheguei a ler um texto em que o autor defendia que a herança não deve passar de pais para filhos, mas sim ser doada à comunidade. vamos imaginar que alguém que poupou a vida inteira para deixar algo aos seus descendentes não o poderá fazer atendendo a que esse dinheiro terá de ir para outras famílias. a loucura está a instalar-se rapidamente e quem semeia ventos perigosos não espera, seguramente, colher a bonança. é o caos que deseja. e é nesse terreno pantanoso que geralmente se sentem bem os pequenos ditadores: os aparelhistas com espírito de polícias que querem, se os deixarem, transformar a nossa sociedade numa coreia do norte modernizada. afinal, muitos dos mentores da corrente miserabilista foi lá e em terras livres como a antiga união soviética que beberam os princípios daquilo a que chamam ‘liberdade’… que, como sabemos, não são recomendáveis. com todos os defeitos do tal capitalismo selvagem.

vitor.rainho@sol.pt