a noruega tem um plano muito ambicioso de investimentos no sector da construção e no desenvolvimento da rede de transportes para a próxima década (2014-2023). o governo norueguês está a planear aumentar a despesa neste sector em cerca de 50%, o que significa que o nível anual de gastos irá aumentar de 33,4 mil milhões de coroas norueguesas em 2013 para uma média de 50 mil milhões nos próximos anos (cerca de 6,4 mil milhões de euros). para o total do período, são aproximadamente 70 mil milhões de euros.
este plano de investimentos no sector da construção e desenvolvimento da rede de estradas, pontes, túneis, caminhos-de-ferro, portos e infra-estruturas colaterais de transportes, levou a embaixada de portugal em oslo, em coordenação com a aicep – portugal global, a apresentar a proposta de deslocação a portugal do director de estratégias de contratação e relações industriais do ministério dos transportes e comunicações da noruega. virá apresentar este plano às empresas portuguesas, em duas sessões de esclarecimento que decorrem a 17 e 18 de setembro, em lisboa e no porto.
a aicep vai organizar as duas sessões em conjunto com a cpci – confederação portuguesa da construção e do imobiliário, e o plano de investimentos norueguês pode constituir uma excelente oportunidade de negócio para as empresas portuguesas. «com um plano de investimentos robusto, centrado nas áreas rodoviária, ferroviária, marítima, portuária e aeroportuária, estou convicto que, pela sua experiência, as empresas nacionais poderão contribuir positivamente. e, de igual modo, tenho a certeza que o governo norueguês está interessado em beneficiar do seu contributo», revela reis campos, presidente da cpci.
adianta ainda que o ministro dos transportes e comunicações norueguês sublinhou recentemente que a credibilidade das empresas a contratar era um factor-chave, salientando que estão empenhados em criar estratégias que permitam ir de encontro às especificidades das empresas interessadas. «no fundo, querem aproveitar as mais-valias de cada empresa, referindo expressamente que irão ser colocados a concurso, a par das grandes obras, projectos de menor dimensão, mais ajustados às pme. por outro lado, estamos a falar de um país europeu, o que facilita a implantação das nossas empresas, que aí podem beneficiar, directamente ou com recurso a parcerias, das suas vantagens competitivas», salienta.
portugal é capaz de competir a este nível
reis campos admite que a experiência na concretização de projectos complexos e emblemáticos, o empreendedorismo dos profissionais e a qualidade da engenharia são mais-valias das empresas portuguesas. e defende que é internacionalmente reconhecido que portugal é capaz de competir a este nível, com os mais altos padrões, tendo o país uma das mais desenvolvidas e redes de auto-estradas e de infra-estruturas da europa.
o presidente da cpci revela que neste momento, tendo por base apenas uma primeira divulgação efectuada pela cpci e pela aicep, muitas empresas já manifestaram interesse nas sessões de divulgação que irão acontecer em lisboa e no porto. estão em causa empresas de construção e obras públicas, mas também de consultoria, projectistas e arquitectos; empresas especializadas no fornecimento de materiais como ferro, aço e tectos metálicos; de produtos electrónicos, nomeadamente no âmbito da telemática rodoviária; e ainda máquinas e acessórios industriais.
falta de apoios dificulta internacionalização
apesar do interesse demonstrado pelo governo norueguês em apresentar o plano de desenvolvimento, reis campos teme que a participação de empresas portuguesas nesta empreitada possa ser dificultada pelo nosso próprio país. «a falta de apoios à internacionalização é a maior dificuldade, que impede, não raras vezes, que as empresas portuguesas se possam posicionar nos mercados externos em igualdade de circunstâncias com as empresas estrangeiras», alerta.
o responsável afirma que o reforço da internacionalização das empresas portuguesas é um dos desafios mais importantes que o país tem pela frente, pelo que é imprescindível que a nossa política económica contemple as especificidades da construção e do imobiliário. defende uma estratégia de médio e longo prazo, orientada para a expansão das actividades da fileira da construção, permitindo o seu alargamento à generalidade das empresas, independentemente da dimensão.
«a definição de um quadro fiscal e de incentivos capaz de apoiar o processo de internacionalização, o reforço das redes empresariais internacionais e dos mecanismos de cooperação, e o desenvolvimento de uma diplomacia económica que permita a consolidação da nossa presença no exterior são exemplos do que ainda pode ser feito», conclui o presidente da cpci.