a operação foi anunciada na semana passada e vai ser aprovada em setembro, durante uma assembleia-geral extraordinária de accionistas, segundo anunciou a empresa em comunicado.
o negócio implica um aumento de capital de 70 milhões de euros assegurado na totalidade pelo empresário angolano, que passará a deter 66,7% da empresa. o grupo soares da costa terá de baixar a sua participação até aos 33,3% e manuel fino perde o controlo da empresa.
a transacção “dá a indicação de que chegaram ao ponto de que já não têm outra alternativa além da venda da jóia da coroa: a construção”, defende uma fonte do mercado. tratando-se de “uma medida de desespero”, a mesma fonte entende que “será positivo se conseguirem garantir alguma sobrevivência das outras partes da empresa”.
de olho nos media
segundo o comunicado da empresa presidida por antónio castro henriques, o aumento de capital tem como objectivo preservar “a sustentabilidade da soares da costa construção, a estabilidade financeira e a criação de valor para a soares da costa construção e para as sociedades participadas por esta”.
outra ambição é “gerar sinergias, aproveitando a experiência técnica e o posicionamento no mercado de ambas as partes”. a empresa quer atingir “uma posição de liderança nos mercados em que desenvolva a sua actividade”.
quando a operação for finalizada deverá implicar um reforço dos negócios em angola. “o empresário antónio mosquito é uma figura de referência em angola, além de tudo o resto poderá ser um factor de sucesso para potenciais negócios naquele país”, acrescenta a mesma fonte do mercado.
em portugal, o nome de antónio mosquito surgiu, em junho, ligado ao sector da comunicação social, depois de ter sido dado como comprador (através de uma empresa de capital de risco) de 51% da controlinveste, empresa que detém o diário de notícias e a tsf. o empresário está também ligado a outras áreas de negócio tais como o sector automóvel, a banca e energia (petróleo).
agora, parece querer diversificar as operações, apostando também na construção. angola já é o principal mercado da soares da costa, que só em 2012 registou um volume de negócios na ordem dos 353,5 milhões de euros naquele país. em portugal, o volume de negócios do ano passado rondou os 236,5 milhões de euros, sendo este o segundo maior mercado.
já os números referentes ao primeiro semestre deste ano indicam que a carteira de encomendas em angola subiu 26,4%, para 525 milhões de euros.
prejuízos caem
a construção é apenas uma das áreas e que o grupo soares da costa desenvolve actividades, pelo que o negócio com o empresário angolano deixa de fora outros ramos de negócio. a empresa dedica-se a concessões, imobiliário e energia.
mas a construção é a principal área, contribuindo em 78% para o volume de negócios do grupo, segundo dados da soares da costa referentes a 2011. seguem-se as concessões, com um peso de 19,5%, o imobiliário, com 2,3%, e os serviços de energia, com 0,2%.
as concessões do grupo são maioritariamente em portugal (como por exemplo a a23 da beira interior e o sistema de metro do porto), mas também há trabalhos em moçambique, s. tomé e príncipe e na costa rica.
os resultados semestrais apresentados esta semana indicam que a empresa reduziu os prejuízos, que atingiram nove milhões de euros. no primeiro semestre do ano passado, o grupo teve resultados líquidos negativos de 14 milhões de euros, penalizado sobretudo pela situação do sector da construção. no relatório de 2012, a empresa assumia que o mercado doméstico português atravessava um momento de “profunda depressão”.