o marquês de pombal provavelmente aprovaria o que se anda a passar no palácio onde viveu parte da sua vida, na rua do século, em lisboa.
foi aí que um conjunto de criativos ligados à arte, ao design e à arquitectura se juntou para formar uma espécie de ‘república criativa’. foi também aí que encontrámos joão martins, joão simões e joão sousa, todos com 27 anos, que criaram o ateliê de comunicação visual v-a. “nunca dissemos a ninguém o que estas letras significam, preferimos guardar para nós ou que as pessoas puxem pela imaginação”, afirma o primeiro dos ‘joões’, quando nos vem buscar à porta.
o joão martins, o simões e o sousa conheceram-se no curso de design na faculdade de belas artes em lisboa, ficaram amigos e quando o curso terminou – em 2009 – resolveram aventurar-se em nome individual no mundo do trabalho. mas durante esse ano os três mantiveram no horizonte a ideia de trabalharem juntos pelas afinidades que tinham em termos criativos. palavra puxa palavra e quando deram por eles, estavam juntos no palácio do marquês de pombal, em lisboa.
nos últimos três anos não têm parado com projectos que vão desde a criação de suportes físicos – cartazes, posters e catálogos – até webpages que concebem em projectos ‘chave na mão’. “a maior parte dos nossos projectos são de design de comunicação mas focados no ramo editorial, livros, publicações, eventos, exposições e igualmente em webdesign e programação. assim conseguimos ter uma abrangência que vai desde o projecto, à divulgação da exposição, trabalhamos a sua imagem, criamos o catálogo e até o website”, explicam.
mas o ponto alto da sua – ainda jovem – carreira aconteceu este ano (apesar de se ter começado a desenhar ainda no final do ano passado). os três amigos ganharam o concurso para conceberem toda a parte gráfica do pavilhão da ásia central, situado no palácio malipiero, na bienal de veneza. “um dos curadores, o tiago bom, em coordenação com um outro artista plástico, do cazaquistão, fizeram a curadoria do pavilhão e acabámos por ficar com o projecto. deu-nos bastante gozo porque também nos permitiu trabalhar em várias áreas e foi bastante interessante tanto em termos profissionais como pela aproximação a este tipo de meios com bastante visibilidade”, refere joão simões. o colega martins acrescenta ainda: “foi também interessante porque pela primeira vez tivemos que trabalhar em cirílico. a nossa forma de apresentar os projectos é muito baseada na letra e foi a primeira vez que tivemos que lidar com um alfabeto completamente diferente. foi uma experiência muito enriquecedora a nível pessoal porque são culturas que estão distantes daquilo que é o nosso dia-a-dia. são artistas com outras abordagens e com uma visão completamente diferente da nossa arte, cultura e sociedade”. agora estão a trabalhar no catálogo da exposição que deverá ser lançado aquando do término da bienal, lá para novembro.