Portas quer abrir caminho ao crescimento

A consolidação das contas públicas deve ser feita pelo lado da economia e os bons sinais de recuperação económica têm que ser estimulados. Esta é a mensagem que Paulo Portas vai reforçar na rentrée do partido, esta tarde em Matosinhos.

o cds estará reunido para a convenção autárquica, que este ano marca o regresso dos centristas ao novo ano político. mas as preocupações do partido vão para além do resultado nas eleições de dia 29 de setembro.

depois dos recentes sinais de que a economia está a reagir (crescimento de 1,1% no segundo trimestre e diminuição da taxa de desemprego), o líder do cds e vice-primeiro-ministro, paulo portas, deverá chamar a atenção para a necessidade de criar-se condições para que a economia comece a crescer de forma sustentada.

“por haver estes indicadores, é preciso potenciá-los e evitar medidas recessivas que dificultem” a recuperação económica, afirmou ao sol o porta-voz do cds, joão almeida. isto pode passar por aliviar impostos como o iva (baixar a taxa da restauração) e o irc (seguindo as sugestões do grupo de trabalho de lobo xavier), mas também pela flexibilização das metas do défice para 2014, que permitiriam abrandar as medidas de austeridade – o défice previsto de 4% para o próximo ano equivale a um corte de 3,6 mil milhões de euros.

portas ainda não falou desde que os novos dados da economia foram conhecidos e, por isso, vai “enquadrá-los”.

“temos que criar condições para que a economia cresça”, insiste o eurodeputado diogo feio, garantindo que o cds procurará também envolver o maior número de partidos e parceiros sociais, leia-se o ps, nomeadamente, na reforma do irc.

portas imita cavaco

em setembro, arrancam as reuniões do recém-criado conselho para os assuntos económicos (cae), que será presidido por portas (como vice-primeiro-ministro, tem a sua cargo a coordenação económica). a primeira reunião deverá ser dia 10.

esta espécie de mini-conselho de ministros sobre a economia, em que têm assento dois ministros (economia e presidência) e 14 secretários de estado, reunirá de 15 em 15 dias. um dos objectivos é agilizar os projectos de investimento (que se debatem muitas vezes com entraves burocráticos) e traçar prioridades para a modernização económica do país.

será uma reedição dos mini-conselho de ministros que foram criados por cavaco silva, durante os seus 10 anos como primeiro-ministro. tinham assento os ministros das finanças, da indústria, do comércio, das obras públicas e da economia. e, tal como agora, reunia às terças-feiras.

uma incógnita continua a ser, por outro lado, a reforma do estado de paulo portas de que ainda pouco se sabe, numa altura em que o orçamento do estado (oe) já está a ser elaborado.

cds poupa 25%

o cds, como já se percebeu esta semana, insiste na necessidade de se fazerem grandes cortes nas despesas correntes, como forma de evitar outras poupanças em sectores que considera mais nevrálgicos (como o investimento). luís pedro mota soares, ministro do emprego e solidariedade social, sublinhou que, no seu ministério, já cortou 25% nas despesas correntes.

ao sol, fonte deste ministério explicou que, desde 2011 (início de funções deste governo), foram cortados, por exemplo, 356 cargos dirigentes (que equivale a 7 milhões de euros), cerca de 3 milhões de euros em rendas e imóveis, cerca de 70 milhões em estudos e projectos e 2,7 milhões na despesas dos gabinetes.

helena.pereira@sol.pt