Loucura…

O cenário era familiar. Duas amigas falavam com dois rapazes, enquanto um deles tentava aproximar-se o mais possível de uma delas.

essa mostrava que estava bem balançada e ia encostando a cara ao dito rapaz, enquanto recuava quando este avançava demasiado. com uns beijos na cara e no pescoço mais ou menos conseguidos, o jogo ia-se desenrolando até que, de repente, a rapariga afasta-o e aproxima-se de um terceiro e começa a fazer as mesmas brincadeiras.

quem assistia ao jogo não deixou de ficar boquiaberto, até porque o pobre abandonado mostrava ares de querer tirar a desforra da traição. ao fim de alguns minutos percebemos que a rapariga em questão devia ter apostado com alguém que iria beijar o maior número de homens possível numa só noite. e assim, o segundo foi substituído pelo terceiro e por aí fora. a amiga, essa, encontrou um porto seguro e ficou-se por aí. já a beijoqueira passou então para o andar de baixo, para a discoteca propriamente dita. qual não foi o nosso espanto quando um dos últimos ‘apanhados’ surgiu em plena pista para tentar de novo a sua sorte. a coisa não estava a correr mal, até que a artista se virou para outro rapaz que encontrou por ali. o mais engraçado é que cada um que era substituído fazia a mesma figura do anterior. rimo-nos como se estivéssemos a assistir a algum filme de pedro almodóvar e felizmente – pelo menos enquanto assistimos ao filme – ninguém chegou a vias de facto, apesar de haver quem tivesse estado muito perto. foi tudo tão insólito que é difícil perceber o que leva alguém a passar por tais figuras. mas pelos vistos ela divertia-se com o número e gostava, seguramente, de correr riscos. até porque chegámos a ver dois e três dos abandonados à sua volta ao mesmo tempo. todos com um ar furibundo, para não utilizar outro adjectivo…

nessa mesma noite insólita vi outra mulher fazer algo que só não me levou a intervir porque o copo era de plástico e estava vazio. depois de acabar de beber uma cerveja, eis que lança o copo pelo ar para o meio da pista e esboça um sorriso como se tivesse feito algo de que se pudesse orgulhar.apanhámos um táxi e no final, antes de nos despedirmos, comentámos que se pensávamos que já tínhamos visto tudo, estávamos profundamente enganados. cada vez há mais gente louca…

vitor.rainho@sol.pt