na estação de queluz, todos os dias estão a ser transmitidas mais de sete horas de telenovelas – duas horas mais do que as gastas com este formato pela sic, que há um ano conquistou à tvi a liderança do horário nobre da televisão recorrendo à mesma receita. na rtp, todos os dias são transmitidas três telenovelas/séries, que ocupam duas horas da programação.
este género de ficção mantém-se na rentrée como aposta dos canais generalistas. a estação de carnaxide adiantou-se e estreou esta segunda-feira uma nova novela brasileira: amor à vida, que arrecadou cerca de 35% de share nos primeiros dois episódios, sendo o programa mais visto do dia em todas as estações. amor à vida tem sido ‘entalada’ entre os episódios finais de dancin’ days e de avenida brasil (a segunda telenovela mais vista).
mas a aposta da estação para manter a liderança do prime time conseguido com dancin’ days – um fenómeno de audiências e o programa mais visto em agosto, com um milhão e 474 mil espectadores por dia – é uma novela portuguesa. trata-se de sol de inverno, que conta no elenco com rita blanco, maria joão luís e diogo morgado, tendo estreia marcada para dia 16. a esta vão juntar-se mais duas novelas brasileiras: a guerreira e sangue bom, que substituem páginas da vida (a terceira novela da noite) e cheias de charme (ao final da tarde).
ficção nacional na tvi e rtp
a ficção portuguesa é também a estratégia da tvi para recuperar a liderança no horário nobre (entre as 20h e a meia-noite), que no ano passado, e ao fim de uma década, perdeu para a sic. vai estrear belmonte – a história de uma família poderosa do alentejo, que conta com os actores filipe duarte, marco d’almeida, joão catarré, diogo amaral e lourenço ortigão – após o jornal das 8. aposta ainda na série juvenil i love it, com a cantora mia rose, ao final da tarde.
já a rtp escolheu uma nova temporada da série bem-vindos a beirais para o horário nobre e vai estrear no dia 16, antes da hora de almoço, uma novela portuguesa – os nossos dias – que concorrerá com os programas líderes de audiência das privadas, querida júlia e você na tv.
para francisco rui cádima, do departamento de ciências da comunicação da universidade nova de lisboa, a aposta nas novelas “já é uma receita clássica em portugal”, cujo mercado televisivo tem “estratégias e estruturas de prime time muito mono temáticas, aproximando-se mais dos modelos da américa central e latina”. lembra, contudo, o aumento da qualidade da ficção nacional que tem superado em audiência as novelas da tv globo e obtido prémios internacionais, como os emmy.
também o crítico de televisão eduardo cintra torres acredita que “a receita das novelas vai continuar porque é a que garante maior audiência pelo preço mais baixo”, sendo flexível e podendo os episódios ser esticados ou encolhidos consoante as necessidades. “uma novela portuguesa custa 35 mil euros por episódio e pode ter 200” – explica, lembrando que os programas de entretenimento têm valores muitíssimo superiores.
para os dois especialistas, o que não faz qualquer sentido é que a rtp aposte no mesmo tipo de programas das privadas. “os canais já são mono temáticos e vamos fazer o mesmo no serviço público?” – questiona cintra torres. “este não é o campeonato da rtp”, diz rui cádima, acrescentando que o serviço público deve reforçar a sua legitimidade pela qualidade e diferença da sua oferta.
