poucos sentem força para contrariar os outros e acham bem mais cómodo não ter opinião. ou dito de outra forma, preferem juntar-se ao coro da maioria. talvez seja essa a razão para existir tão pouca ‘onda’ em portugal. os espaços até podem não ter graça nenhuma, a música ser uma desgraça completa que junta sinfonias manhosas a hits pimbas, mas se é nesse lugar que está a maioria, é certo que na noite seguinte o espaço estará mais cheio.
há dias fui a um desses bares que estão tão em voga, depois de muito sugerido por amigos. para lá chegar foi uma pequena odisseia. escadas atrás de escadas com os degraus com água. como não sou muito esquisito, não dei grande importância ao facto, apesar de achar que aquele ‘passeio’ apresentava alguns problemas para certas pessoas menos ágeis – não é que seja um atleta, mas dava que pensar.
quando finalmente atingimos o bar, no topo da enorme escadaria, deparei-me com uma multidão de gente que conversava às escuras como se estivesse na clandestinidade. a música não se ouvia e a magnífica vista da cidade estava tapada pelos corpos e pela inexistência de luz da lua ou das estrelas.
enquanto lá estive, uma amiga e um amigo explicavam-me que o bar é engraçadíssimo, que tem imensos estrangeiros e que não entendiam as minhas reticências, já que não parava de dizer que ia pregar para outras paragens – nomeadamente onde há boa música, o espaço é bonito e se sente uma atmosfera de noite. algo que considero fundamental no que à vida de bar diz respeito.
na verdade, as pessoas só querem estar onde as outras estão. ou porque se sentem mais acompanhadas – apesar de não conhecerem ninguém, nem terem intenções de isso – ou porque não gostam de espaços meio vazios onde ficam mais expostas. mas tenho para mim que se numa semana a casa que frequentam começar a ficar fora de circuito da manada, serão os primeiros a acompanhar esse movimento. outro dado engraçado nas ‘carneiradas’ é que gostam de frequentar determinados lugares porque acham que é sinónimo de modernidade ou de ‘benzice’. é a vida…