7 anos do SOL: Sete mulheres no poder

Ainda são poucas as mulheres que chegam ao topo, mas o país está a mudar e estes últimos anos foram particularmente ricos deste ponto de vista. Temos a presidente da AR, a PGR, ministras e líderes de partidos e de uma grande fundação.

assunção cristas: super-ministra e mãe modelo

a ascensão foi meteórica. em quatro anos, passou de activista anti-aborto (que se destacou num debate televisivo no prós e contras, chamando a atenção de paulo portas) a titular de um super-ministério (agricultura, mar, ambiente e ordenamento do território) que agora se desdobrou em dois. já no cargo, engravidou pela quarta vez, tornando-se na primeira ministra em portugal a estar grávida. aguerrida e ambiciosa, cristas é, aos 38 anos, um caso a seguir na política.

assunção esteves: o rosto do parlamento

é a primeira a ocupar o segundo posto da hierarquia do estado, a presidência da assembleia da república. foi uma escolha de recurso – o partido vencedor das legislativas de 2011, o psd, propôs inicialmente o médico e ex-candidato presidencial fernando nobre. assunção esteves, de 56 anos, já tinha sido a primeira juíza do tribunal constitucional, em 1989. como presidente da ar, tem tido intervenções polémicas e a relação com a maioria psd/cds não é brilhante.

maria luís albuquerque: no lugar de vítor gaspar

tem a tarefa de tirar portugal do plano de assistência financeira. começou com o pé esquerdo – a sua escolha por passos coelho conduziu à demissão de paulo portas e a uma grave crise no governo. em público, maria luís e portas trocam sorrisos. em privado, arquitectam o próximo orçamento do estado, que ditará o futuro da coligação e do país. com uma dívida pública em 118% e os impostos no máximo, a ministra das finanças (sucessora de vítor gaspar), ficará para a história. resta saber, se por bons ou maus motivos.

joana marques vidal: a primeira pgr

nunca antes tinha havido uma procuradora-geral da república. tomou posse em outubro do ano passado, aos 57 anos de idade, sucedendo a pinto monteiro, por escolha da ministra paula teixeira da cruz. filha do juiz jubilado josé marques vidal, director da polícia judiciária, a magistrada estreou-se em 1979 nas comarcas de vila viçosa, seixal e cascais, mas especializou-se no direito da família e dos menores. com sensibilidade de esquerda, presidiu à associação portuguesa de apoio à vítima.

manuela ferreira leite: ‘dama de ferro’ do psd

ministra várias vezes, em 2008 tornou-se a primeira mulher a liderar um partido. mais por dever do que por vocação, e empurrada por um sector conservador do psd que não se revia no liberal passos coelho. perdeu as eleições em 2009 para josé sócrates, mas esta cavaquista viu reforçada a autoridade política após o país ser obrigado a pedir um resgate financeiro – fruto da débil situação para a qual vinha alertando.

catarina martins: a contracenar na liderança do be

desde o final de 2012, que a actriz de 39 anos é protagonista (com joão semedo) de uma ‘bicefalia’ inédita na liderança partidária. uma particularidade que se deve ao facto de as forças fundadoras do bloco de esquerda (udp, psr e política xxi) continuarem a influenciar as principais escolhas. catarina martins, deputada do be apenas desde 2009 (antes disso uma desconhecida), passou à frente de figuras com maior currículo para ajudar a substituir francisco louçã.

maria de lurdes rodrigues: remodelada mas não vencida

como ministra da educação de josé sócrates, gerou uma forte contestação, mas, mesmo sendo remodelada, não se afastou da política. foi convidada para suceder a rui machete, o social-democrata que esteve 22 anos na presidência da fundação luso-americana para o desenvolvimento. lurdes rodrigues, 57 anos, mostra que a política não foi um intervalo na carreira.

helena.pereira@sol.pt, manuel.a.magalhaes@sol.pt e sonia.graca@sol.pt