7 anos do SOL: Sete mortes que mudaram o mundo

Um líder terrorista, ditadores e uma Dama de Ferro: sete figuras controversas, até na despedida

1. osama bin laden: licença para matar

o pior pesadelo do ocidente viveu como um fantasma na década seguinte aos atentados de 11 de setembro de 2001. meses após os ataques, escapou por um triz à captura no afeganistão e pôs serviços secretos de todo o mundo em busca do esconderijo a partir do qual dirigia a al-qaeda. o terrorista vivia afinal nas barbas do inimigo, a poucos metros da academia militar do paquistão, suposto aliado dos eua, e foi descoberto graças a uma longa operação. o homem mais procurado do mundo foi morto na madrugada de 2 de maio de 2011, aos 54 anos, por uma unidade de elite dos fuzileiros norte-americanos. o corpo foi lançado ao oceano índico.

2. hugo chávez: a oposição da doença

só a morte tirou do poder o mais polémico líder sul-americano da história recente, que sobrevivera a um golpe de estado pró-americano em 2002. reeleito para um quarto mandato presidencial em 2012, o esquerdista venezuelano não chegou a tomar posse e faleceu a 5 de março de 2013, aos 58 anos, sendo sucedido pelo seu delfim nicolás maduro. lutava desde 2011 contra um cancro cuja natureza e localização nunca foram tornadas públicas. o funeral levou milhões de pessoas a caracas, incluindo estadistas de todo o mundo.

3. augusto pinochet: fuga à justiça

ditador chileno apoiado pelos eua e responsável por milhares de mortes e desaparecimentos nos anos 80 e 90, foi o primeiro ex-chefe de governo do mundo a ser detido, no reino unido, sob o princípio da jurisdição internacional, num processo conduzido pelo juiz espanhol baltasar garzón. o seu delicado estado de saúde levou londres a libertá-lo e a permitir o regresso ao chile. e foi com indignação que os familiares das suas vítimas o viram erguer-se da cadeira de rodas no aeroporto de santiago, numa aparente celebração. viria a assumir, numa carta a 25 de novembro de 2006, “toda a responsabilidade política” pelas atrocidades cometidas. morreu dez dias depois, aos 91 anos, sem ser alvo de qualquer condenação.

4. muammar kadhafi: linchado pelos rebeldes

não esperava ter tão sangrento e inglório fim ao cabo de 42 anos à frente da líbia e após uma surpreendente aproximação ao ocidente que diabolizou durante décadas. kadhafi foi apanhado no turbilhão da primavera árabe e o seu regime colapsou numa guerra civil em 2011. resistente até ao fim, foi capturado por milicianos rebeldes a 20 de outubro desse ano. baleado, espancado e sodomizado com uma faca, o linchamento ficou registado em vídeo.

5. kim jong-il: um luto sobrenatural

se “até os passarinhos choraram” após a morte do ditador norte-coreano kim il-sung em 1994, o falecimento do seu filho e sucessor, kim jong-il, a 17 de dezembro de 2011, não poderia deixar de ser assinalado por alguns dos mais exagerados relatos da imprensa de pyongyang. segundo a propaganda oficial, no dia da morte, aos 70 anos, o gelo estalou na montanha mais alta do país, o nome do “querido líder” surgiu inscrito nas rochas e um grou voou sobre uma estátua do “sol do socialismo”, “cabisbaixo, incapaz de esquecê-lo”.

6. margaret thatcher: festa e pesar

a morte da ‘dama de ferro’ inglesa, a 8 de abril passado, aos 87 anos, não surpreendeu ninguém. era pública a degradação física e mental resultante de vários acidentes vasculares-cerebrais sofridos nos últimos anos de vida. mas o seu desaparecimento foi um dos que mais polarizou a opinião pública nos últimos anos. em vida, ganhou milhões de admiradores e de inimigos, com uma revolução ultraliberal que sacrificou a coesão social em nome do crescimento económico. nacionalista intransigente, deixou militantes do ira morrer em greves de fome e reconquistou pela força a soberania britânica das falkland (malvinas para os argentinos). em londres, as celebrações dos seus críticos disputaram o protagonismo do funeral com honras de estado da antiga primeira-ministra.

7. saddam hussein: o enforcamento do déspota

desde a morte de ceausescu que o mundo não via um ditador ser executado. deposto em 2003 pelos americanos e condenado à morte pelo governo iraquiano em 2006 (pelo massacre de 148 xiitas nos anos 80), saddam foi enforcado a 30 de dezembro desse ano, aos 69 anos. um vídeo de má qualidade filmado por telemóvel mostra a execução, com os carrascos a gritar vivas ao rival moqtada al-sadr. sete anos depois, o iraque continua mergulhado num conflito e debate se vive melhor.

pedro.guerreiro@sol.pt