o que pensarão pessoas que ouvem falar na diminuição das suas reformas? o que pensam de terem cada vez menos dinheiro para comprar medicamentos e alimentos? a resposta parece-me óbvia.
um dia depois, liguei a televisão, ouvi medina carreira a falar do futuro e fiquei com um nó na garganta. diz ele, taxativamente, que com a quantidade de reformados que portugal tem, não há outra hipótese que não seja cortar nas pensões. ao seu lado, um colega das lides ia acrescentando mais pormenores ao cenário negro que se avizinha. se há cada vez menos pessoas a trabalhar para pagarem as pensões dos reformados, a saída, dizem, é baixar o valor dessas pensões. o problema, como todos sabemos, é que muitos desses cinco milhões de pensionistas já vivem no limiar da pobreza.
é certo que o estado social corre sérios riscos de desabar, veja-se o que já se fala que vai acontecer na holanda e até na dinamarca – países que estão a milhares de quilómetros da nossa realidade. mas nessas latitudes, a maioria, penso, tem um pé de meia que lhes permitirá enfrentar a reforma de outra maneira.
não há dúvida de que portugal precisa urgentemente de se tornar mais credível no campo da justiça para que se possam combater as fugas aos impostos, por forma a que não sejam os mais velhos e desfavorecidos a pagarem a factura. independentemente disso, o país precisa de um choque de natalidade para que não morra de velho. um amigo que ouvia os mesmos comentários de medina, dizia-me: ‘isto só lá vai com uma revolução na rua’. se formos por aí, nem velhos nem jovens se safam. veja-se o que se passa na grécia com os neonazis a comandarem as tropas da contestação…