A política da noite

Um pouco ao jeito daquilo que se passa na política também a noite tem os seus comportamentos padrão e as analogias são evidentes. Senão vejamos: os votantes são os clientes, as campanhas são a comunicação das festas, os partidos são as casas e os promotores das mesmas os candidatos em competição.

normalmente as discotecas ou marcas que vencem são sempre as mesmas, têm mais dinheiro para investir, mais ‘militantes’ e seguidores que – indiferentes à música, ao ambiente ou a outros factores – as defendem porque é ‘bem’ frequentar aquele ‘partido’. pertencem a lóbis dominadores e não é fácil alguém se intrometer. estão instaladas há alguns anos e têm em sua posse bases de dados que lhes permitem comunicar em massa. aqui e ali vão existindo algumas produções independentes que surpreendem, mas são apenas fogachos que tendem a ser aniquilados pela ‘máquina’.

os promotores são a estrutura que faz rolar a mesma. existem os antigos que por norma são chamados de ‘históricos do partido’, têm uma posição privilegiada, mais direito a errar e a fazer algumas festas sem sentido – alguém as irá abafar quanto mais não seja o órgão de comunicação social que já está programado para tal. depois há os novos, alguns deles discípulos dos primeiros. por fim, há aqueles que nunca fizeram outra coisa, fazem parte do ‘aparelho’ e por dinheiro promovem até três festas diferentes no mesmo dia. não podem é sair de cena, preferem ‘vender a sua alma ao diabo’.

a comunicação das festas peca hoje em dia pela falta de originalidade, os temas são sempre os mesmos a fazer lembrar os slogans políticos. quando alguém sai fora do padrão e prima pela diferença, normalmente, dá nas vistas mas rapidamente é copiado. por falar em dar nas vistas, o crime aqui também compensa, usa-se e abusa-se do que os outros criaram com esforço e imaginação. impunidade total.

chega-se finalmente à parte dos clientes (eleitores), alguns passam a vida a queixar-se que não há nada, que as coisas continuam iguais mas quando podem ir dar o seu apoio (votar) pura e simplesmente alheiam-se da questão. outros há que só saem para os sítios onde sabem vir a receber favores, onde se ‘mexem bem’ e entram sem pagar ou recebem bebidas. pior são aqueles que sabem quais são os melhores sítios para sair, mas como são amigos dos donos preferem não ir para não dar protagonismo a quem faz bem feito. chama-se inveja.

assim anda a noite de mão dada com a política – o país que temos é o que escolhemos…

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