exportar vinho para um país que não tem tradição de consumir tal produto parece um negócio fadado ao insucesso. a lusovini apostou em provar o contrário no brasil. segundo o presidente da empresa, casimiro gomes, “só 15% da população é que bebe vinho regularmente, mas se tivermos em conta a população total são uns milhões grandes…”. mais precisamente 30 milhões de potenciais consumidores, diz.
e para aproveitar este mercado, casimiro gomes decidiu levar o vinho às pessoas, através de provas, e desmistificar a ideia de que o vinho é um produto elitista. “há esse preconceito, mas agora há brasileiros que têm poder de compra e consomem mais porque é prestigiante”, avança, lembrando ainda que “há cidades que tiveram uma influência europeia muito forte e onde o consumo de vinho ficou enraizado”, referindo-se, por exemplo, a são paulo.
agora o objectivo é “mostrar as diferenças entre regiões com degustações”. “se dermos uma boa informação às pessoas sem ser muito pesada, passam a conhecer melhor os vinhos portugueses”, reforça ainda, defendendo a ideia de que este produto português “tem um enorme potencial”.
proteccionismo complica
a lusovini, uma empresa distribuidora de vinhos, nasceu em portugal em novembro de 2009. em 2011 foi criada a brasvini no brasil, no âmbito da estratégia de internacionalização do grupo. até aqui, a empresa era detida em partes iguais com o grupo rui costa e sousa & irmão, empresa ligada à distribuição de bacalhau no mercado brasileiro.
agora, a lusovini comprou o restante capital da brasvini. ao sol, casimiro gomes escusa-se a revelar os valores do negócio, devido a uma imposição contratual, mas mostra-se optimista com este mercado: “pretendemos facturar este ano um milhão de dólares [cerca de 739 mil euros] e para o ano prevemos dois milhões [cera de 1,48 milhões de euros]”.
mas nem tudo são rosas e o facto de portugal não pertencer ao mercado comum do sul prejudica. “os países que pertencem ao mercosul têm mais vantagens, pagam menos 27% em relação aos vinhos portugueses”, conta o presidente da lusovini. “a área do vinho é muito competitiva e o brasil é muito proteccionista”, salienta.
mesmo assim, casimiro gomes não se queixa e revela que a internacionalização para o brasil foi uma experiência interessante, muito por estarem associados ao grupo rui costa e sousa & irmão.
próxima paragem: rússia
a lusovini exporta actualmente para 27 países. os números consolidados dizem que em 2012 a empresa facturou 5 milhões de euros, valor esse que é esperado chegar aos seis milhões este ano. só em portugal foram três milhões em 2012 e são esperados 3,6 milhões neste ano.
dessa facturação, 25% é oriunda de portugal, 25% de angola, enquanto que o brasil, os estados unidos e a china são responsáveis, cada um, por 10%.
agora a empresa vai concentrar-se naquilo que já foi feito e a palavra de ordem é “consolidação”. “ainda não explorámos mais do que 10% do potencial dos territórios onde estamos”, solta casimiro gomes, que mesmo assim diz estar de olho noutros mercados.
e a próxima aposta pode mesmo recair na rússia. “é um mercado para onde estamos a olhar com atenção, mas onde ainda não temos negócio”, revela. “temos ido às feiras, estamos a fazer prospecção de mercado, mas isso demora um ano ou dois para começar algo”.