passos bem que avisara que o próximo orçamento poderá acarretar “um choque de expectativas”, mas esse choque começou ainda antes de as medidas serem conhecidas em concreto.
quinta-feira à noite, numa reunido com os deputados do psd, passos coelho queixou-se de que tem havido muita contra-informação sobre medidas do orçamento do estado que não estavam fechadas. a direcção do psd decidiu fazer uma ronda para esclarecimento do partido sobre as medidas duras do orçamento, que arranca dia 2 de novembro.
de fora ficou o cds, que surgiu quase isolado a defender a justeza dos cortes nas pensões de sobrevivência – ainda para mais desconfiado de que as notícias terão tido origem nas finanças, como forma de pressionar o cds.
os centristas também optaram por não comentar a pouca abertura de passos em baixar o iva da restauração, na mesma entrevista da rtp. o ambiente é de nervos e, nesta guerra de expectativas, o cds veio defender a suspensão das pensões vitalícias dos políticos como exemplo para a austeridade que o governo vai continuar a exigir.
na rtp, passos fugiu à questão das pensões de sobrevivência, mas assumiu que “este não é um momento normal” e admitiu que a “factura mais pesada” da crise está a ser paga pela classe média. no programa ‘o país pergunta’, em que respondeu a questões de cidadãos, anunciou um segundo orçamento rectificativo para este ano e terminou a garantir: “se eu falhar a minha missão, é o país inteiro que falha”.
nilza de sena – a deputada e vice-presidente do psd que apresentou as referidas propostas de redução do irs – garantiu, mesmo assim, que o partido não desiste. “vamos bater-nos no sentido de defender essas alterações no debate do oe na especialidade”, afirmou ao sol, lembrando que as medidas apresentas têm pouco impacto orçamental.
entre os sociais-democratas, a percepção é a de que passos conseguiu com a entrevista mostrar aquilo que o caracteriza. “é uma pessoa afectiva, mas peremptória”, diz o deputado paulo baptista dos santos. o líder da jsd, hugo soares, dá o exemplo do preço dos combustíveis: “assumiu com frontalidade que não podia baixar os impostos porque não podia abdicar de receita. as pessoas não estão habituadas a isso, muitos políticos só dizem aquilo que elas querem ouvir”. para o deputado duarte marques, o “modelo” favorece o entrevistado e, neste caso, permitiu a passos “fazer a pedagogia para que as pessoas percebam o que o governo está a fazer”.