“não podemos esquecer as famílias angolanas a viver em portugal, e as portuguesas a viver em angola. há laços que têm de ser respeitados e isso não está em causa”, disse ao sol o analista que acredita que as palavras do presidente de angola estão a ser mal interpretadas pelos órgãos de comunicação.
“o presidente não diz que vai anular a parceria. está a haver uma má interpretação das palavras do presidente. o que o presidente disse é que é preciso repensar a parceria com portugal. cabe agora aos dois países, através dos canais diplomáticos próprios, analisar onde estão os estrangulamentos e reorganizar esta questão, sendo que os laços culturais que unem os dois povos devem ser tidos em conta”. para o político e professor universitário este é um assunto “entre os dois governos e aí há regras de ética política que muitas vezes não são tidas em conta por portugal”.
quanto às declarações de josé eduardo dos santos à sic, no passado mês de junho, em que disse que as relações com portugal “não estão isentas de problemas”, mas decorrem num “quadro de amizade e grande compreensão”, mário pinto de andrade diz que o contexto mudou.
“as relações internacionais são dinâmicas e aquilo que é hoje não é o mesmo de amanhã. temos visto nos últimos meses que há uma interpretação errada sobre angola por parte de alguns políticos portugueses”, referindo os nomes de ana gomes, joão soares e pacheco pereira.
“há políticos portugueses que fazem declarações públicas que ofendem os angolanos. estamos num mundo globalizado e os angolanos têm acesso à televisão e à rádio portuguesa. há desinformação que é veiculada na qual abandalham a classe política angolana e o nosso povo”.
para concluir, o analista refere existir “falta de respeito na forma como os políticos portugueses tratam os angolanos. existe sempre com a presunção de que o dinheiro de angola que entra em portugal tem de ser analisado. por outro lado, não vemos governantes de angola a ofender o estado português. esta questão faz com que o presidente diga que é preciso pensar na continuidade ou não desta parceria estratégica”.
no entanto, segundo o analista político, “a situação pode melhorar. portugal é o país europeu que está mais próximo de angola, e acredito que a relação entre os dois países vai voltar a entrar nos carris”.