Requinte faz parte da elegância

Acha o requinte uma qualidade pouco masculina? – Ana Isabel Falcão

se bem entendi a leitora quando se refere a requinte, discordo que seja uma qualidade masculina ou feminina. vamos então tornar a pergunta objectiva: segundo o dicionário da sociedade de língua portuguesa, requinte «é o apuro extremo a que se pode levar um sentimento, uma qualidade, uma predilecção, um gosto particular». em rigor, pode haver requinte na piroseira: é o kitsch. mas o requinte é também uma forma especial de elegância.

normalmente, é uma coisa que nasce com as pessoas, e é um dom que resulta de uma sensibilidade particular, difícil de ser ensinado, embora possa resultar do ambiente em que se vive.

nos tempos em que os gostos não se discutiam, mas se educavam, eram formas de estar na vida que se passavam de geração em geração. hoje, a miudagem tem horror em seguir os padrões estéticos dos mais velhos – embora alguma coisa (as tais referências, culturais ou sociais) lhes fique sempre como resultadda educação e do ambiente familiar. é a diferença entre o artista que vem de um meio humilde e parte do zero, e outro artista que tem a cabeça cheia de cultura.

eu diria que uma pessoa bem educada e de bom gosto pode ser elegante, sem chegar a ser requintada. mas se conseguir conjugar o bom gosto com o requinte, então temos aquele não sei quê especial que o torna único.

pois até a piroseira tem outra grandeza quando chega ao ponto de ser kitsch…