os mais velhos conseguem deliciar-se ao som dos hits dos anos 80 e 90, como se fizessem um regresso ao passado, pensando no tempo em que as maleitas não faziam parte do cardápio das festividades. por outro lado, os mais novos navegam nas sonoridades mais recentes, a chamada dance music, como se tivessem asas e capacidades para ir ao futuro. seja ele qual for: o das horas ou dias seguintes, na maior parte das vezes.
as particularidades dos estilos musicais reflectem muito o ar dos tempos: se nos sons mais antigos as letras levam os presentes a sonhar com períodos das suas vidas, já as batidas fortes provocam um estado de espírito muito diferente, até porque não há letra, na maioria dos casos.
vem esta conversa a propósito de festas totalmente antagónicas a que fui nos últimos tempos. num caso, a maioria da rapaziada andaria pelos 50 e poucos e demonstrava que a noite só tinha passado pelas suas vidas de raspão. daí o ar comovido com que dançavam ao som de bryan adams ou dire straits. já na outra, os sons do house demonstravam bem que os presentes andam pela noite e gostam de entrar pelo mar adentro. claro que as idades nada tinham a ver com a outra festa. em ambos os casos, contudo, diverti-me e achei um piadão ver as diferenças de comportamento. não sendo, de todo, um fã de rock à noite – já tive a minha dose, apesar de às vezes no carro gostar de recordar algumas das músicas que associo a momentos engraçados –, consegui ver algum brilho em tais sonoridades. talvez seja influência de nos últimos tempos andar a ouvir muito soul e funk, músicas que para mim são intemporais.
independentemente da música que toca nesta ou naquela festa, quando somos convidados para um encontro de amigos, o que menos importa são as sonoridades. é bom partilhar momentos com aqueles de quem gostamos e para ouvir o ‘nosso’ som temos todo o tempo do mundo. há quem não perceba isso e passe a noite a chatear o homenageado, exigindo outro tipo de música. digamos que ou já estão bebidos demais ou lhes falta o bom senso para perceber que há ocasiões para tudo. não se pode viver tudo na mesma festa… l
vitor.rainho@sol.pt