Obama, Portas e o guião

O guião para a reforma do Estado chega tarde, um ano tarde demais, porque a ideia era que viesse sustentar um Orçamento diferente para 2014. A questão agora é outra: vindo tarde, vem a tempo? A resposta é… “depende”.

há muitas maneiras de conduzir uma reforma do estado. mas convém dizer que nenhuma é indolor – razão pela qual nenhum governo a quis levar até ao fim. a ideia mais convencionada, porém, é a que nasceu de um relatório de 2003, feito da igf, a pedido de manuela ferreira leite: o estado trabalha demais para si próprio e está cheio de funções dispensáveis (no sentido em que podiam ser feitas ou concessionadas a privados).

por mim, lindamente. e para isso o governo bem podia passar os olhos pelo que se passou há escassas semanas nos estados unidos. que aconteceu por lá? quando democratas e republicanos não se entenderam sobre os cortes na despesa e não havia dinheiro para pagar todos os serviços do estado, o presidente obama decidiu simplesmente encerrar os serviços públicos não essenciais até que houvesse um acordo – e dinheiro orçamentado. sim, um presidente de esquerda fez isso. e o mundo não acabou.

mas, claro, isso é na américa. desconfio que se fosse por cá acabava mesmo o universo. é pena, mas desconfio que isso não vai mudar hoje com este guião.

david.dinis@sol.pt