o imobiliário é um dos sectores que mais têm sofrido com a crise, os estragos são elevados e as empresas e profissionais que trabalham neste sector têm sido dos que mais agravam as longas e crescentes listas do desemprego. a emigração tem sido o caminho para muitos dos que não encontram trabalho.
os arquitectos também estão muito representados nestas listas. na verdade, o trabalho tem vindo a escassear e, sobretudo para os jovens que saem das faculdades, as oportunidades são poucas ou nenhumas. apesar das dificuldades, o espírito tem sido no sentido de mudar formas de actuação. talvez o arquitecto não esteja apenas destinado a grandes obras e ao estatuto de ‘estrela’, é necessário em muitas áreas e foi com este objectivo que surgiu a iniciativa ‘trabalhar com arquitectos’.
trata-se de uma campanha que está na rua até ao final do mês, presente em mupis, postais, cartazes e flyers em todo o país, com o tema: ‘olhe à sua volta. ainda acha que não precisa de um arquitecto?’. trata-se de uma iniciativa organizada e promovida pelas secções regionais da ordem dos arquitectos, e que pretende sensibilizar para a importância do papel deles na qualidade de vida dos espaços e dos que o habitam.
segundo o arquitecto rui alexandre, presidente da ordem dos arquitectos – secção regional sul (oasrs), há dois aspectos fundamentais nesta campanha: o reconhecimento público da obra deles, da arquitectura e do seu papel profissional. “a primeira já existe, os portugueses reconhecem a importância da arquitectura em portugal e sabem que esta também é reconhecida no estrangeiro. a segunda ainda precisa de ser explicada ao público em geral. é este o objectivo desta campanha, informar de forma simples e acessível sobre o que é o trabalho do arquitecto”, explica rui alexandre.
o responsável realça a importância desta mensagem, já que na sua opinião é importante também desmistificar ideias pré-concebidas sobre a forma como os arquitectos trabalham, as suas supostas ‘manias’, e clarificar que o trabalho do arquitecto é também, e talvez eminentemente, um trabalho técnico e dedicado a melhorar a qualidade de vida de todos. “num tempo adverso para a profissão, com a falta de trabalho, esta campanha entra em contraciclo com a conjuntura actual. é necessário agir para melhorar as condições de trabalho dos arquitectos”, salienta o presidente da oasrs.
o arquitecto revela que esta campanha pode trazer mais trabalho aos arquitectos, porque os aproxima dos seus clientes, a sociedade. acredita que esta iniciativa estimula o interesse pela arquitectura.
lançamento de um site
a campanha tem ainda como objectivo fazer convergir as atenções para o site trabalharcomarquitectos.pt, uma plataforma em formato de tutorial que revela, em linguagem acessível ao estilo pergunta-resposta, toda a informação útil para saber como e porquê se deve trabalhar com arquitectos: o que é um projecto de arquitectura; o que faz um arquitecto; qual a diferença em relação a um engenheiro ou empreiteiro; quais as fases de um projecto, entre outras questões.
esta plataforma contempla ainda um glossário, um directório de arquitectos e alguns números que ajudam a compreender a classe destes profissionais. “através do site criado, procura-se demonstrar que existe uma mais-valia em trabalhar com os arquitectos: mais qualidade de vida e economia no processo de construção e de desenvolvimento das cidades e dos que as habitam. a plataforma é um ponto de encontro entre as expectativas de quem quer construir e de quem sabe construir, para que o resultado dessa acção seja melhor para toda a sociedade”, explica.
para rui alexandre o trabalho do arquitecto é transversal e toca todas as formas da construção, sendo a sua participação obrigatória nos processos de licenciamento, e mesmo nas obras que não carecem de licenciamento. “um arquitecto é um garante de qualidade na construção e do ponto de vista técnico. do ponto de vista económico, pode reduzir os custos da construção através da escolha dos materiais e da procura dos métodos mais adequados. pode ainda encontrar as soluções mais ecológicas e sustentáveis, poupando nos custos de funcionamento e manutenção dos edifícios a longo prazo”, conclui.